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3011 | I Série - Número 77 | 03 de Maio de 2001

 

coragem política de assumir Alqueva como um empreendimento não só do Alentejo mas também do País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E, na altura, o Ministro teve a oportunidade de dizer que, se não viesse dinheiro da União Europeia, Alqueva se faria com os dinheiros do Orçamento. Portanto, de uma vez por todas, isso ficou claro e avançou-se com a obra.
No entanto, aquilo que estranho nas muitas dúvidas que o Sr. Deputado coloca, e que de resto têm sido colocadas por alguns sectores ambientalistas, é onde é que está a novidade das questões levantadas por esses sectores ambientalistas.
Todos aqueles que têm seguido mais de perto aquele empreendimento sabem que a cota 152 surge porque o empreendimento de fins múltiplos do Alqueva, como o Sr. Deputado teve a oportunidade de referir, tem várias valências, sendo o conjunto dessas várias valências que faz com que a cota tenha de ser a determinado nível e não a outro. Efectivamente, se reduzirmos a cota e a passarmos para 139, que é o que tem sido defendido ultimamente, não teremos o empreendimento que foi projectado para aquela região mas outro empreendimento qualquer.
As preocupações ambientalistas também me têm causado alguma estranheza, porque, porventura, nenhum empreendimento em Portugal tem sido tão acompanhado em termos de preocupações ambientais, quer pela própria população portuguesa, quer também pela própria União Europeia. E esta nova consciência ambiental tem feito com que a empresa que tem a responsabilidade de construir Alqueva esteja a fazer vários estudos de impacte ambiental, gastando cerca de 800 000 contos em estudos para a fauna e a flora, espaços de reequilíbrio, nomeadamente em termos de reflorestação, e de compra de novas herdades para fazer com que haja um reequilíbrio ambiental.
Portanto, aquilo que devemos dizer hoje é que os ambientalistas não trazem nada de novo. Tudo isto já estava previsto há muitos anos.

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr. Deputado, tem de concluir.

O Orador: - Concluo, Sr. Presidente, lembrando as palavras de conforto deixadas na sexta-feira passada pelo Sr. Primeiro Ministro, quando assumiu, aqui, que a barragem de Alqueva não ia parar devido às questões ambientais.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rosado Fernandes.

O Sr. Rosado Fernandes (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Lino de Carvalho, depois de tantos anos, eu, um indígena de Alqueva, um nativo ali da zona, mal ficaria se não corroborasse aquilo que acabou de dizer e se não fizesse a todos uma pergunta: se vivessem no deserto, como nós, o que é que desejavam em primeiro lugar? Era água!
Gostaria muito que abetardas acasalassem, e também acho que elas devem ter imenso prazer nisso!…

Risos do CDS-PP.

Gostava muito que a nidificação das garças continuasse. Não tenho dúvida nenhuma que as mães garças ficam certamente contentes quando podem ter os seus «filhinhos» na bacia do Alqueva. Gostava muito também que certas gravuras do neolítico pudessem continuar, e podem, porque podem ser retiradas. Mas é engraçado que a luta política chegou a tal cúmulo de surrealismo que me lembro de ter perguntado ao meu colega Alarcão, de Coimbra, especialista em arqueologia romana, o que é que ele pensava do castelo da Lousa, que é um castelo lindíssimo romano - ninguém sabe porquê -, que está a olhar para o Guadiana, e ele disse-me: «Isso não tem interesse nenhum, tira-se uma maqueta, fazem-se fotografias!» «E quanto a Foz Côa?», perguntei eu. «Ah não, isso é uma coisa completamente diferente, é património mundial!», respondeu-me ele. Eu não acredito nem numa coisa nem noutra. Esse tal património mundial continua vazio e se quiserem, de facto, dar com a pele - e não digo outra coisa! - lá no sítio, vão lá experimentar e vão ver como é bom andar ali aos tombos a ver aquelas gravuras que, certamente, não são as de Altamira.
De qualquer maneira, a verdade é que tem havido cota para cima cota para baixo... «Ó Rosa arredonda a saia», para cima, para baixo, com aquele ridículo que é próprio desta sociedade portuguesa, que, de facto, não tem vergonha de ser tão ridícula. Em primeiro lugar, porque não sabe Botânica nem Zoologia para, muitas vezes, se pronunciar sobre os aspectos que se pronuncia; em segundo lugar, uma cota de 139 iria, naturalmente, invalidar o projecto, sendo que a cota de 152 é a normal. Aliás, também a desarborização é normal que se faça, mas já não é normal não saber o que se vai fazer com a madeira.
No outro dia, perguntei aqui ao Sr. Secretário de Estado se ele sabia o que era a biomassa e fiquei com dúvidas sobre se ele sabia o que era, porque a verdade é que há uma central de biomassa que muitas vezes não tem massa para funcionar, tem só bio, e, de facto, ali havia bio e massa para a fazer funcionar.
Além disso, há outro aspecto sentimental. Desculpem-me dizer, mas, enfim, todos sabem que sou filho de latifundiário, é uma chatice, mas não posso apagar essa nódoa no meu passado,…

Vozes do PCP: - Só filho?!

O Orador: - … e a terra para a fábrica das celuloses do Guadiana foi dada pelo meu tio à CUF. Portanto, meus queridos amigos, ver desaparecer aquela fábrica que resolveu problemas cíclicos de trabalho naquela zona é, para mim, um crime, e aquela fábrica, se agora desaparece, tem de ser reconstruída.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria do Céu Ramos.

A Sr.ª Maria do Céu Ramos (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Lino de Carvalho, V. Ex.ª terminou como eu gostaria de começar esta questão que lhe vou colocar.