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38 I SÉRIE — NÚMERO 88

de centro-esquerda venceram claramente os candidatos da pelas políticas reformistas. É a esta hostilidade da direita direita. que o Bloco de Esquerda quer acrescentar pseudo-razões

O paralelo com a política italiana termina aqui, desde de esquerda quando avança com a sua moção de censura, logo porque o Bloco de Esquerda não quis correr o risco exclusivamente motivada por razões tácticas que são muito de se traduzir em Refundação «Comunista», porque o difíceis de ocultar: o Bloco de Esquerda quer fazer de nomezinho é a doer! Preferiu suavizar-se a coberto da conta que não apoiou com os seus votos ou que não viabi-fraseologia politicamente correcta, por isso já alguns fala- lizou pela abstenção a maior parte das medidas pelas quais ram de linguagem «lux-frágil»! o Governo é contestado — pela direita!

E este partido, que diz querer falar em nome dos traba- A justificação da moção de censura, no estilo «quanto lhadores e defender os seus interesses, mas que só conta pior, melhor», mostra um partido sem uma alternativa com quatro (quatro!) operários na totalidade dos delegados consistente de esquerda, como exemplarmente se sintetiza ou dos membros da sua magna reunião nacional,… na passagem em que o Bloco de Esquerda critica o euro

por ter retirado ao Governo aquilo a que o mesmo partido O Sr. Fernando Rosas (BE): — Olhe que não! eufemisticamente chama «margens de manobra para políti- cas cambiais autónomas», isto é, desvalorizações competi-O Orador: —… aparece agora com uma arrogância tivas.

intolerável (se não fosse um pouco ridícula) a querer dar lições de esquerda às outras componentes da esquerda. O Sr. Manuel dos Santos (PS): — Exactamente!

Vozes do PS: —Muito bem! O Orador: —Como é que essa política de degradação real dos salários, que inevitavelmente resulta das desvalo-O Orador: —Para isso, o Bloco de Esquerda não tem rizações competitivas, é compatível com a necessidade,

qualquer autoridade. reconhecida por todas as pessoas sensatas, de superar um O Bloco de Esquerda conquistou legitimamente a sua modelo de desenvolvimento baseado nos salários baixos,

representação parlamentar num momento em que uma em deficientes condições de trabalho, nas baixas qualifica-parte do eleitorado urbano do Partido Socialista julgou ções, em espiral, que bloqueia a nossa capacidade de mais desnecessária a concentração do voto útil e resolveu dar-se rápida convergência real com a União Europeia?! ao requinte de possibilitar a emergência de uma espécie de consciência crítica no Parlamento, para incitar o Governo Vozes do PS: —Muito bem! do PS a assumir certas causas sociais e culturais e medidas de modernidade e a concretizar mais clara e rapidamente O Orador: —Muito mais sensata, realista e melhor algumas das reformas prometidas. Mas o papel do «grili- fundamentada é a posição da CGTP — Intersindical Naci-nho falante» não dura sempre e a paciência para o ouvir onal, que pretendo saudar, ao lutar por uma participação também se esgota! maior dos trabalhadores nos ganhos efectivos de produti-

Para realizar um programa de governabilidade à es- vidade, tornando-os, assim, directamente interessados no querda é preferível ter em conta os diferenciados segmen- aumento da produtividade nacional. tos da esquerda em função da implantação real que eles tenham na sociedade e no mundo do trabalho. De modo Vozes do PS: —Muito bem! que o Bloco de Esquerda, no futuro, vai ter de escolher entre ser uma parte útil do sistema, enriquecendo-o na sua O Orador: —É para isto que é urgente mobilizar o diversidade, ou ficar de fora com o seu radicalismo pseu- mundo do trabalho, os empresários e todos os sectores domodernista. Sobrar-lhe-á em folclore o que ficará a dinâmicos da nossa sociedade, prosseguindo uma política faltar-lhe em eficácia política, mas isto é com o Bloco de que recuse dissociar o crescimento económico do progres-Esquerda! so social, política que temos vindo a promover em Portu-

Pelo nosso lado, continuaremos a realizar a política gal desde 1995 — e por isso somos criticados pela direita constante do programa que o eleitorado sufragou e, como social e política! não temos maioria absoluta, a negociar os apoios parla- mentares coerentes com o conteúdo das medidas para cuja Vozes do PS: —Muito bem! realização os eleitores nos deram a sua confiança — é disto que se trata! —, como Guterres hoje aqui explicitou, O Orador: —É para isto que é necessário reformar a com sólidos e claros fundamentos ético-políticos e ideoló- Administração Pública, para combater o despesismo inútil gicos. e para a transformar, com o acordo dos próprios trabalha-

É preciso notar aqui que as principais dessas medidas dores, num instrumento efectivo de promoção do progres-(as reformas fiscal e da segurança social) foram aprovadas so económico e da regulação social. com o apoio do Bloco de Esquerda. Aliás, são estas medi- Com estes objectivos estamos disponíveis para dialogar das a principal causa da hostilidade que o Governo enfren- e concertar posições com todos os partidos representados ta, conduzida pelos sectores minoritários, mas muito pode- na Assembleia da República, mas especialmente com os rosos no plano económico, social e mediático — e espero que partilham connosco os ideais históricos de luta pela que o Bloco de Esquerda não tenha esquecido as conse- justiça social, de democracia plena e de transformação da quências do fenómeno da concentração do poder nos sociedade. media —, cujos interesses ilegítimos estão a ser afectados Há um último ponto em que a má tradução do italiano