O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

28 DE JUNHO DE 2001 21

tos de governo próprio das regiões. na, esteve na base da consagração pelo regime democrático Quando vemos as dificuldades que alguns países euro- de um processo autonómico capaz de ser um factor de

peus ainda têm em lidar com questões como a da Córsega potencialização das capacidades das regiões e de emanci-ou do País Basco, podemos apreciar melhor o contributo pação social das suas populações. de clarividência dos que ergueram o regime autonómico O conceito de autonomia regional é, assim, um elemen-insular no seio do regime democrático português. E daqui to constitutivo fundamental da democracia portuguesa e saúdo todos. um factor de enriquecimento da globalidade do Estado

democrático. Aplausos do PS. Pela nossa parte, encaramos a autonomia regional como um garante indispensável da identidade das regiões O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a pa- autónomas e como um sistema relativamente ao qual não

lavra o Sr. Deputado António Filipe. faz sentido qualquer ideia de conflitualidade com os ór- gãos de soberania. O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Entendemos a autonomia regional como um poder de-

Deputados: Ao intervir em nome do Grupo Parlamentar do mocrático, representativo, apto para fazer face às especifi-PCP, neste momento evocativo do 25.º aniversário da cidades das regiões e aos grandes desafios com que estas consagração da autonomia regional dos Açores e da Ma- se confrontam. deira, começo por saudar, muito fraternalmente, o povo Entendemos a autonomia regional como um meio para destas regiões e todos os cidadãos que o representam nos promover o desenvolvimento das regiões autónomas, respectivos órgãos de governo próprio. aproveitar as suas potencialidades e diminuir a desvanta-

gem que resulta da sua situação de insularidade. O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem! Entendemos a autonomia regional como um meio para a superação de assimetrias e atrasos existentes e para a O Orador: — A consagração da autonomia política e garantia de uma igualdade de condições de vida no contex-

administrativa na Constituição da República, aprovada em to nacional. Abril de 1976, correspondeu, como a própria Constituição Entendemos a autonomia regional como um meio para afirma, ao reconhecimento das características geográficas, potenciar as especificidades culturais das regiões e contri-económicas, sociais e culturais e das históricas aspirações buir para o enriquecimento da cultura portuguesa no seu autonomistas da populações insulares. conjunto.

O sistema constitucional de autonomia regional, defi- Importa, em nosso entender, valorizar e credibilizar a nido, no essencial, pela existência de órgãos próprios elei- autonomia regional em todas as suas vertentes, tornando-a tos e únicos para cada região, pela existência de um poder mais eficaz no cumprimento das suas funções de combate legislativo regional exercido pelas assembleias legislativas às desigualdades sociais e às assimetrias locais e de resolu-regionais no respeito pelas leis gerais da República, pela ção dos problemas específicos das populações. aprovação de orçamentos regionais próprios, pela depen- Estamos convictos de que, com políticas adequadas, o dência dos governos regionais em relação às assembleias e sistema constitucional de autonomia regional contém po-pela existência de uma representação da soberania nacional tencialidades de progresso e desenvolvimento que muito nas regiões autónomas, confirma um modelo que conside- podem contribuir para uma sociedade mais justa. ramos equilibrado e capaz de corresponder a objectivos de participação democrática dos cidadãos, de desenvolvimen- Aplausos do PCP. to económico e social, de defesa dos interesses regionais e, simultaneamente, ao reforço da unidade nacional e do O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado estreitamento de laços de solidariedade entre todos os Sílvio Rui Cervan para uma intervenção. portugueses.

Em resumo, o sistema constitucional de autonomia O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): — Sr. Presidente, contém, em nosso entender, elevadas potencialidades e Srs. Deputados: Volvidos 25 anos sobre o dia 27 de Junho configura um modelo institucional adequado à governação de 1976, cumpre-me, em nome do Partido Popular, em específica das regiões insulares. primeiro lugar, dar os parabéns às populações da Madeira

É evidente que as regiões autónomas têm gravíssimos e dos Açores e às populações de Portugal. problemas não resolvidos e que é justa a insatisfação das O saldo da autonomia é francamente positivo. O saldo populações em relação a muitos aspectos da realidade do reforço da autonomia é o do reforço da coesão nacional económica, política e social em que vivem. Mas importa e do reforço da solidariedade nacional. afirmar que não é no modelo constitucional de autonomia A autonomia não pode ser vista, e não é, a pensar ape-em si mesmo considerado que radicam esses problemas. nas nos açorianos e nos madeirenses. A autonomia deve

A descontinuidade geográfica do território nacional, a ser vista a pensar nos madeirenses, nos açorianos e nos distância e o isolamento dos arquipélagos dos Açores e da continentais, porque é na componente de solidariedade e é Madeira tornaram evidentes as acentuadas especificidades pela componente de solidariedade que ela foi criada. destas regiões e as desigualdades derivadas da insularida- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Numa altura em que de. cumpre fazer um balanço, cumpre, também, dizer que se é

O reconhecimento destas evidências e a convicção de verdade que muito há de positivo, há, ainda, um longo que as suas consequências não são fatalidades impostas caminho a percorrer, nomeadamente na componente legis-pelo destino, mas podem ser alteradas pela vontade huma- lativa. Esta última está, ainda, aquém do que seria desejá-