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2361 | I Série - Número 042 | 23 de Janeiro de 2004

 

Autónoma da Madeira foi nomeada Região Europeia 2004. Esta designação é atribuída, anualmente, a duas regiões europeias que se tenham candidatado e que tenham contribuído para o ideal europeu de forma acentuada. Visa dar a conhecer as diferentes realidades regionais e promover a diversidade como factor de desenvolvimento e uma das mais importantes riquezas e pilares do continente europeu.
Porque é que foi a Madeira a escolhida? Terá sido por mero acaso? Terá sido fruto das iniciativas do poderosíssimo lobby madeirense? Terá sido por incompetência da organização? Terá sido porque mais ninguém se candidatou? Não foi isso com certeza.
Esta importante distinção resulta, única e simplesmente, do resultado de políticas acertadas, devidamente planificadas, e do empenho, dedicação, capacidade de trabalho e abnegação do povo madeirense.
Nunca é demais lembrar de onde partimos e até onde chegámos. É tudo tão cristalino como a água do degelo. Passámos da região mais atrasada do País para uma das mais desenvolvidas. Passámos de um dos produtos per capita mais baixos para atingirmos 116% da média nacional.
Dia 31 de Dezembro de 2003, vinte e quatro horas. Soaram as sirenes dos navios ancorados na baía do Funchal, milhares de pessoas rejubilaram, abraços fraternos distribuíram-se, desejos de ano novo feliz foram trocados, propósitos foram anunciados. O ano de 2004 iniciava-se com um espectáculo de fogo-de-artifício grandioso, ao nível do que já se tinha assistido na Austrália e em pé de igualdade com o que se assistiria no Brasil.
Nesse momento, nesse preciso momento, aqueles que mais ansiavam rever a sua terra coberta por milhares de luzes multicolores, aqueles que orgulhosamente reuniram amigos para dar a conhecer o seu berço, aqueles que, por infortúnios vários, foram obrigados a abandonar o calor do seio da terra mãe foram acometidos de uma mágoa atroz e de uma dor sem par. Nesse preciso momento, aperceberam-se de que o seu "cordão umbilical", o mais directo elemento de ligação à Mãe Pátria estava a traí-los. A RTP Internacional optou por transmitir um qualquer programa de variedades, seguramente melhor, seguramente mais esperado e seguramente mais relevante.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estes são os exemplos mais recentes da censura sub-reptícia preconizada pelos órgãos de comunicação social nacionais em relação à Madeira. Mais do que sub-reptícia ela é requintada porquanto é selectiva. Desde que haja mortos, feridos e miséria, em suma, desde que a notícia seja negativa, passa a constituir um grande furo, é tema de capa, é abertura de telejornais, é mote de editoriais e, quiçá, almeja ser dossier especial. Isto não é tolerável, e impõe-se uma mudança de atitude.
São situações como estas que nos impedem de calar a revolta sentida perante as injustiças e face às discriminações. Não é a indiferença a que as grandes realizações e a fabulosa evolução do Portugal madeirense e dos portugueses da Madeira têm sido votadas que nos preocupa. Isso é de somenos importância; fica para a mesquinhez que grassa nalguns corredores da informação nacional. Não será por isso que não prosseguiremos na senda do progresso. O que é abominável e desprezível é esta esperteza saloia que a maior parte das grandes redacções demonstram. Relatar única e somente o que é negativo, remetendo para os arquivos todo e qualquer facto que signifique uma imagem positiva. Esquecem estes profetas da desgraça que todo o progresso alcançado na Madeira, toda a evolução que lá é conseguida, todos os eventos que nos projectam em todo o mundo são mais-valias de todo um país, e que esse país é Portugal. Preferem entreter-se com campanhas de ataque, extraem prazer das fantásticas conspirações que idealizam, deleitam-se na provocação abusiva.
Exemplo flagrante é a recente investida mediática preconizada pela parceria Público/Expresso/RTP em relação à problemática infantil na Madeira. Impacientes com o facto de a Madeira, felizmente, ainda não estar envolvida nos problemas que marcam a agenda mediática, descobriram nas altas escarpas suíças a solução. Das neves eternas dos Alpes veio a resposta. Numa notável peça jornalística, ficámos a saber que o Coordenador da Polícia Judiciária na Madeira era indelicado, pois não atendia os telefones; ficámos ainda a saber que o Procurador da República na Região era insensível e preguiçoso, pois não lia a sua própria correspondência. Noutro apontamento noticioso digno de registo, recorreu-se à desonestidade intelectual de utilizar imagens de 1997 para ilustrar o que se passa em 2004, recusando publicitar as declarações das entidades acima referidas, entidades insuspeitas e as únicas competentes, que negavam os factos, afirmando-se que as mesmas não se enquadravam no espírito da notícia. Este critério é, no mínimo, espantoso.
Assim se fazem notícias neste país. Damos guarida a qualquer um, aceitamos ser veículo de transmissão de toda e qualquer denúncia sem efectuar a menor confirmação ou indagação nem ouvir os visados e, quando estes se desfazem em declarações públicas, são as mesmas sonegadas. Ao proceder desta forma, estes meios de comunicação social estão a pôr em causa aspectos fundamentais da sua razão de ser: credibilidade, imparcialidade, verdade e factualidade.
Será, porventura, falso ou dever-se-á omitir que a Madeira é uma das regiões mais avançadas e desenvolvidas do País? Que os empresários madeirenses, lutando com dificuldades extremas e condicionantes