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2670 | I Série - Número 048 | 06 de Fevereiro de 2004

 

destruição em massa no Iraque; ou vem dizer que os seus aliados nunca o enganaram e que foi ele que decidiu enganar os portugueses.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Ora, como nem queremos acreditar nesta última hipótese, restam as outras duas: ou o Sr. Primeiro-Ministro decidiu apoiar a guerra e envolver Portugal na ocupação do Iraque unicamente na base das "provas" que os seus aliados lhe apresentaram ou dispunha de informações de serviços secretos que lhe permitiram tomar essa decisão.
Em qualquer dos casos, o Primeiro-Ministro deve uma explicação aos portugueses,…

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - O PSD está calado!

O Orador: - … porque a verdade é que nem todos se deixaram enganar. As autoridades norte-americanas e britânicas não enganaram o Governo francês, nem o alemão e nem o russo, não enganaram todos os que souberam dar ouvidos às palavras prudentes de Hans Blix ou às palavras lúcidas de Robin Cook, que apontavam para a forte improbabilidade da existência de armas de destruição em massa no Iraque.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O Primeiro-Ministro tem de nos explicar porque é que não deu ouvidos aos que falavam verdade e eram pela paz e preferiu seguir os que mentiram para impor o caminho da guerra.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Muito bem!

O Orador: - E, assim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, faço aqui um desafio ao Sr. Primeiro-Ministro: que desclassifique todos os relatórios na posse dos serviços secretos portugueses relacionados com a existência de armas de destruição em massa no Iraque e os apresente aqui; que nos explique, sem subterfúgios, em que informações se baseou a sua convicção de que essas armas existiam;…

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o seu tempo esgotou-se

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
E que nos diga que consequências irá retirar do facto de saber que as razões que levaram à decisão de envolver o nosso país na guerra eram, afinal, rotundamente falsas.
Exigimos essas explicações e a imediata publicação dos relatórios dos serviços secretos portugueses sobre esta matéria. E, para esse efeito, o Grupo Parlamentar do PCP propõe que tenha lugar um debate de urgência nesta Assembleia com a presença do Sr. Primeiro-Ministro.

Aplausos do PCP e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Filipe, o Bloco de Esquerda converge com a sua intervenção na denúncia deste paroxismo na ordem internacional, que é a ausência de qualquer legitimidade invocada pelos fautores da guerra de agressão ao Iraque, não só aquela que não decorria da violação das regras do Direito Internacional e da deturpação da Carta das Nações Unidas, mas também aquelas que, para além da lei, se invocaram, como a da existência de armas de destruição em massa.
Essa foi a mentira do fim do século passado e do princípio deste e é, afinal de contas, a razão do enorme embaraço que têm hoje o Presidente dos Estados Unidos e a Administração americana e o Primeiro-Ministro do Reino Unido e o Governo britânico.
É curioso que hoje os analistas, que tanto se afadigaram a provar a existência daquilo que não existe, se digladiem entre duas correntes: ou foi mentira ou, numa outra categoria filosófica, foi engano. Engano do qual os governantes terão sido os últimos a saber, o que provém de uma nova categoria da política e sobretudo de uma ética de responsabilidade na gestão dos negócios públicos e da política internacional.
Hoje é curioso ver como talvez seja importante para alguns, sobretudo para a direita e para os seguidistas