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2671 | I Série - Número 048 | 06 de Fevereiro de 2004

 

da política externa dos Estados Unidos da América, esta minudência de se saber, entre a mentira e o engano, aquilo que terá prevalecido. O que tudo indica é que quer George Bush, quer Tony Blair, querem desresponsabilizar-se e encontrar nos serviços secretos - mais 45 minutos ou menos 45 minutos, relatórios mais ou menos apimentados, afirmações mais ou menos contraditórias de David Kay nos Estados Unidos ou outras - bodes expiatórios para se refugiarem de embaraços eleitorais e de défices de popularidade nos seus próprios países.
E aqui está de imediato uma constatação importantíssima: a força das opiniões públicas obrigou os fautores da guerra a tentar salvar a face.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Orador: - É uma segunda grande derrota política, depois daquilo que foi a desregulação violenta e ilegal da ordem internacional.
Sr. Deputado António Filipe, nós estamos em convergência com o Partido Comunista Português na exigência de explicações ao Primeiro-Ministro aqui na Assembleia da República e no levantamento da classificação de quaisquer relatórios portugueses que indiquem a existência de armas de destruição massiva, mas gostaria de lhe deixar uma pergunta, nesta Casa da democracia, onde se fez a defesa cega e intransigente…

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o seu tempo esgotou-se.

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, gostaria de lhe deixar uma pergunta aqui, nesta Casa, onde se fez a defesa intransigente do plano belicista dos Estados Unidos e onde se apoiou, da forma mais esfuziante, a cimeira da guerra, que foi a Cimeira dos Açores: o que é que nos tem a dizer sobre esta maioria domesticada…

O Sr. Jorge Nuno Sá (PSD): - Maioria domesticada?!

O Orador: - … que, ao contrário até dos Estados Unidos e do Reino Unido, não propõe qualquer forma de inquérito independente àquilo que foi a prática política do Governo português?

Vozes do BE: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Filipe, quer responder a cada um dos oradores ou responde em conjunto?

O Sr. António Filipe (PCP): - Respondo em conjunto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Saraiva.

O Sr. José Saraiva (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Filipe, da sua intervenção retenho a questão central: o Primeiro-Ministro de Portugal, que, quando se referiu à existência de armas de destruição massiva, disse aos portugueses ter visto documentos que certificavam essa afirmação, tem agora oportunidade de negar o que disse ou de confirmar que tais documentos existem.
Hoje há fortes dúvidas na comunidade científica internacional que certificou as inspecções e que tem acompanhado o processo, e em muitos comentadores, de que tenham existido ou existam provas da existência de armas de destruição massiva. E é em relação a esta questão central que todos nós temos de questionar o Sr. Primeiro-Ministro, e nisso acompanho o Sr. Deputado António Filipe.
O Primeiro-Ministro de Portugal deve dizer ao Parlamento e aos portugueses, do modo que achar mais conveniente, mas também da forma mais séria, se foi iludido, se foi ludibriado ou se aceitou passivamente as indicações que lhe eram dadas pelo clã do Sr. Rumsfeld. E se foi ludibriado todos nós temos de nos interrogar como será de futuro: se voltará a ser ludibriado num outro acontecimento idêntico e se voltará a arrastar o País e os portugueses para posições que são objectivamente contrárias à sua vontade mais profunda, testemunhada ao longo destes meses.
O Primeiro-Ministro deve uma explicação concreta e clara à Assembleia da República e aos portugueses, e apenas por isso deve recompor a sua própria posição e não ficar tranquilamente, como ficou nas Lages, servilmente, a abrir a porta para que os senhores da guerra decidissem o que já estava decidido há muito, como todos sabemos.
Neste contexto, gostava de perguntar ao Sr. Deputado António Filipe se considera que o Primeiro-Ministro