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3736 | I Série - Número 068 | 26 de Março de 2004

 

Hoje mesmo, através do nosso Embaixador, será iniciado o pedido de apoio de Portugal à NATO no quadro de uma segurança reforçada para os grandes eventos que teremos em Portugal. Vamos pedir o apoio dos Hawks, aviões que dispõem de um quadro geral da situação aérea que permite detectar antecipadamente qualquer voo imprevisto ou suspeito. Assim, teremos mais reforço de segurança e maior protecção.
Ser membro da NATO é isto mesmo: dar e receber em nome da defesa, da liberdade e da segurança.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Quero, contudo, deixar aqui uma reflexão sobre o problema de fundo que V. Ex.ª colocou, porque estou convencido de que no nosso país há ainda muitas pessoas, nomeadamente muitos líderes de opinião, que não entenderam verdadeiramente a ameaça que representa o terrorismo fundamentalista global que temos pela frente.
O fenómeno Al-Qaeda, e outros, é novo. Eles escreveram o que querem. Lembro-me que quando Mein Kaumpf foi escrito por Hitler muita gente disse que não podia ser, que aquilo não era para executar. Desvalorizou-se. Era de tal maneira abominável que não podia ser verdade. Mas o que aquela organização terrorista quer é destruir a nossa civilização, é afirmar o Islão fundamentalista, desde logo atacando os países islâmicos moderados.
Por isso, a questão é esta: ou apoiamos os islâmicos moderados e ajudamo-los a derrotar o fundamentalismo islâmico ou, então, teremos mesmo realizada a profecia da "Guerra das Civilizações" e haverá uma guerra geral contra o Islão. Este é o problema estratégico essencial.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Repararam, certamente, que na minha intervenção nunca referi terrorismo islâmico. Tenho tido uma preocupação extrema em separar as duas coisas - aliás, ainda há dias recebi uma carta, que me sensibilizou, do líder da comunidade islâmica em Portugal agradecendo o modo como o Governo português sempre tem colocado a questão. Mas temos de conhecer bem a ameaça que paira sobre nós. É uma guerra declarada contra os nossos valores, uma guerra que viola todos os princípios e normas do direito internacional. O objectivo daquele movimento transnacional é, pura e simplesmente, o de converter todo o Islão às suas teses fundamentalistas e, depois, desencadear a guerra global e total contra o Ocidente. Isto está dito e escrito. Não há margem para dúvidas. E antes da intervenção no Iraque eles atacaram em Nova Iorque.
Portanto, a questão é: vamos nós, ou não, aceitar esta ameaça e esta chantagem? Este é o problema. A nossa posição é a de que não podemos ceder perante este tipo de terrorismo. E não há negociação possível, porque o que eles querem é o extermínio total da nossa civilização.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Esta é a nossa posição.
Vamos continuar a lutar, no âmbito do direito internacional, com determinação, sem perder a nossa alma, sem perder os nossos valores de Estado de direito democrático, mas temos de fazer um combate sem tréguas. É este o problema. Por isso o que está em causa no Iraque é muito importante.
Embora sabendo que esta matéria continua a dividir alguns de nós, tenho de chamar a atenção para o facto de que, no Iraque, os terroristas não querem que o "vírus" democrático infecte o Médio Oriente. Para o terrorismo será uma grande derrota a existência de uma grande nação de maioria islâmica democrática e estável. Eles estão a fazer tudo para evitar que haja um Iraque democrático, em paz e em estabilidade. Se não fosse a acção dos terrorista, o Iraque, hoje, seria um país democrático e estável,…

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Claro!

O Orador: - … ou em vias de se transformar plenamente numa democracia. E que magnífico exemplo!
Srs. Deputados, hoje há uma guerra no mundo islâmico entre fundamentalistas e moderados, e nós temos de estar ao lado dos moderados, temos de ajudar a construir um islão moderado e democrático.
Durante muitos anos, houve quem dissesse lá fora que Portugal nunca seria uma democracia. Depois, diziam que a América Latina nunca seria uma democracia, que os ex-países comunistas nunca seriam uma democracia. Hoje, ainda há quem pense que os povos islâmicos, por uma qualquer razão, estão condenados a viver na tirania ou no totalitarismo. Eu digo-vos qual é a minha fé profunda: não há nenhum