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4882 | I Série - Número 089 | 20 de Maio de 2004

 

Este é o modelo do Governo, mas é um modelo que os portugueses não podem aceitar, porque é o modelo da insensibilidade social, o modelo de condenar ao desamparo dos poderes públicos e da protecção do Estado todos aqueles que estão a cair no desemprego.
Neste seu jeito de desconversar a política, Sr. Ministro,…

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Tem de concluir, Sr. Deputado.

O Orador: - Termino, Sr. Presidente.
Neste seu jeito de desconversar a política, Sr. Ministro - e o Sr. Ministro é um político praticante -, disse-nos, sobre a Bombardier, quando aqui, há duas semanas, aventei a hipótese da expropriação e da ligação com a EMEF, depois de nos ter criticado por não darmos qualquer alternativa (o que, porém, também não nos compete, porque não conhecemos os dossiers), que "a melhor política aqui é o silêncio, o silêncio é a alma do negócio".
Sr. Ministro, passaram mais de duas semanas e, ainda ontem, houve uma marcha dos trabalhadores da Bombardier.
Sr. Ministro da Economia, soluções, nem pela calada, nem às abertas - é a impotência total. E este é o retrato do Governo.

Vozes do BE: - Muito bem!

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro da Economia, devo dizer que registei com algum desagrado uma frase, de que já me tinha esquecido, do Luís XIV e de uma outra personagem que não quero aqui evocar, porque seria deselegante. Essa frase proferiu-a V. Ex.ª ao dizer que só era defensor do País e dos portugueses quem tivesse ou defendesse a política deste Governo.

O Sr. Bruno Dias (PCP): - Exactamente!

A Oradora: - É inadmissível que se diga isto hoje, no ano de 2004, em Portugal, depois do 25 de Abril, Sr. Ministro!

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Ministro Luís Marques Mendes, não franza o sobrolho, porque foi o Sr. Ministro da Economia que disse que, quem disser mal da nossa política, diz mal do País e dos portugueses. E, tanto quanto eu sei, quem disse mal dos portugueses, até agora, foi este Governo, que apresentou a grande maioria dos portugueses, trabalhadores de várias classes, como uns absentistas, uns fraudulentos, uns preguiçosos, que não trabalhavam e eram culpados da falta de produtividade da economia.

Aplausos do PCP.

No entanto, Sr. Ministro, acho que também é preciso usar de alguma ética no discurso, não omitindo dados. Já aqui foram focados alguns números relativamente ao desemprego, mas quero perguntar-lhe se é verdade, ou não, que o desemprego de longa duração aumentou. E isto porque, mesmo segundo os critérios estatísticos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, aumentou, e de que maneira! O desemprego registado há um ano, ou mais, registou uma subida homóloga de 24,8%, segundo a informação do Instituto.
Ora, penso que isto pertence ao modelo de economia que o Sr. Ministro defende, um modelo de economia baseado no congelamento de emprego, em salários baixos, baseado, esse sim, na atribuição casuística de subsídios assistencialistas e não no reconhecimento de direitos sociais.
Para finalizar, diga-me, por favor, Sr. Ministro, qual é a percentagem de pobres que o modelo que os senhores defendem admite. Responda a uma pergunta, que evoco aqui, de um discurso político de Almeida Garrett: quantos pobres são necessários para fazer um rico?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino