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24 DE NOVEMBRO DE 2006

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domínio que o orçamento de 2007 apresenta os maiores e mais brutais cortes. É uma absoluta irresponsabilidade.
Mesmo de um ponto de vista estritamente financeiro, esta opção política só pode ser classificada de irresponsável e ignorante. Hoje, o turismo cultural na Europa é uma fonte importante de receita dos Estados. O turista que hoje circula por aí não vem só à procura de sol e de golfe, vem visitar museus, quer conhecer património e procura concertos ou ópera. Porém, os maiores cortes orçamentais este ano são no Instituto Português do Património Arquitectónico, 17%, e no Instituto Português de Museus, cujo corte é de 23,2%.
Repito: 23,2%! O IPPAR dificilmente vai conseguir acabar as obras que estão em curso e nunca poderá atender a obras absolutamente urgentes de conservação de importante património que corre o perigo de desaparecer. Dou apenas alguns exemplos gritantes: o Convento do Lorvão, um dos mais antigos e ricos conventos portugueses, onde se encontram os túmulos, em prata maciça, do tempo de D. João V, das Santas Rainhas, cai; o antigo Convento de Semide vai caindo aos bocados – há dias, perdeu-se um pouco mais –, para já não falar dos fantásticos retábulos, em numerosas igrejas, de João de Ruão, em pedra de Ançã, e que, por isso mesmo, se perderão se não tiverem preservação urgente.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!

A Oradora: — Falo apenas de património do meu círculo eleitoral, mas podíamos, e devíamos, falar do País, com o seu todo.

Vozes do PSD: — Muito bem!

A Oradora: — Só com uma política sem rumo nem sentido se pode cortar no orçamento do IPPAR e se pode reduzir a tão pouco o orçamento dos museus nacionais.
Para preservar a memória nacional e, pelo menos, tratarmos dos bens nacionais que herdámos, precisávamos de ter uma política cultural que percebesse a importância de mostrarmos o nosso passado e de preservarmos o nosso património.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!

A Oradora: — Um Governo que trata assim a cultura, um Governo que asfixia aquilo que são as suas obrigações mais essenciais, é um Governo que empenha o nosso futuro.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se as Sr.as Deputadas Teresa Portugal e Teresa Caeiro.
Dou a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Portugal.

A Sr.ª Teresa Portugal (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, não deixa de ser interessante, Sr.ª Deputada Zita Seabra, que tenha transferido a discussão que teve lugar por ocasião do debate sobre o Orçamento do Estado na área da cultura para o dia de hoje. Compreendo que a Sr.ª Deputada possa ter tido razões fortes que a levaram a optar por não fazer essa discussão nesse momento e que a tenha querido fazer agora, mas até julguei que a Sr.ª Deputada se tinha inscrito para nos deliciar com uma justificação sobre o seu apoio à política cultural da Câmara Municipal do Porto e do seu presidente.

Aplausos e risos do PS.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Bem lembrado!

A Oradora: — Enfim, optou por outro caminho e veio aqui falar dos cortes orçamentais na área da cultura.
Não vou repetir a discussão que já teve lugar, mas não deixo de dizer à Sr.ª Deputada que escolheu mal os exemplos que mencionou aqui,…

Protestos do Deputado do PSD António Montalvão Machado.

… porque, na área do património, estão garantidos — como ficou demonstrado e está previsto no Orçamento — os objectivos que fazem parte do Programa do Governo, e também, citando a área da Cinemateca, a Sr.ª Deputada não sabe ainda que a verba da Cinemateca Portuguesa, contrariamente ao que disse, também aumentou.