I SÉRIE — NÚMERO 22
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A Sr.ª Deputada fez aqui uma espécie de «morte anunciada» — que me perdoe o seu autor — na área da cultura, como se estivéssemos em fim de mandato, relativamente ao objectivo do 1%. Portanto, Sr.ª Deputada, esperemos e veremos, em tempo oportuno.
Falemos, então, daquilo que está mais na ordem do dia e que tem a ver com a questão da Festa da Música. De facto, tendemos a lamentar que alguma coisa acabe quando gostamos dela, e a Festa da Música deu prazer a muita gente, talvez tenha pacificado muita gente com a própria vida e, portanto, sentimos-lhe a falta, porque a música é tão essencial como qualquer outro bem essencial.
Mas a questão é esta: é ou não lícito questionar o modelo em causa? E é ou não exigível a uma responsável da área da cultura que questione um modelo que, com a durabilidade de três dias, tinha um orçamento de 1 milhão de euros, como é conhecido? É ou não lícito questionar se as circunstâncias deste programa foram suficientes para dar o seu contributo à internacionalização, à integração no circuito europeu dos programas portugueses na área da música? Podíamos, de facto, fazer esse discurso alarmista sobre o fim de um acontecimento importante se ele não fosse substituído por um novo acontecimento.
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Sr.ª Deputada, ultrapassou largamente o seu tempo, tem de terminar.
A Oradora: — Vou terminar, Sr. Presidente, dizendo que aquilo que se fez foi substituir um modelo, que se questionou, como acabei de dizer e de provar, e temos agora não um programa com a duração de três dias…
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada!
A Oradora: — … mas, sim, um programa para um ano inteiro, que são os Dias da Música. Portanto, as dúvidas e as angústias da Sr.ª Deputada creio que ficarão assim mais pacificadas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, não sei se as angústias da Sr.ª Deputada Zita Seabra ficaram de alguma maneira serenadas com esta intervenção,…
Vozes do CDS-PP: — Não, não!
A Oradora: — … mas as do CDS-PP certamente que não ficaram e é com enorme apreensão que, no CDS, assistimos a este total desinvestimento na área da cultura por parte do Governo socialista.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem!
A Oradora: — Por isso mesmo, entregámos, hoje de manhã, um requerimento à Comissão de Educação, Ciência e Cultura no sentido de solicitar a vinda da Sr.ª Ministra ao Parlamento e à Comissão,…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Nós apoiamos!
A Oradora: — … no sentido de nos esclarecer qual é o rumo deste Governo para a cultura.
Vozes do CDS-PP: — Não tem! Não há!
A Oradora: — É que, de facto, não compreendemos qual é a concepção que o Governo socialista tem da cultura,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Nem o Partido Socialista a tem!
A Oradora: — … quais as opções que são tomadas.
Sabemos, isso sim, que se trata de um Governo suportado pelo Partido Socialista, que tão violentamente criticou o governo de coligação PSD/CDS por não atingir a meta de 1% no Orçamento do Estado para a cultura, quando é esse próprio Partido Socialista que, agora no governo, nos apresenta para 2007 o orçamento para a cultura mais baixo dos últimos anos,…