9 | I Série - Número: 063 | 23 de Março de 2007
tado, desnecessário e descaracterizador da sua identidade.
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Muito bem!
O Orador: — As reacções não deixam dúvidas sobre a rejeição que a ideia suscitou na sociedade algarvia, e não só, a qual tem manifestado um vivo repúdio por mais esta desconsideração do Governo para com a região, que, segundo a pomposa campanha apresentada pelo Ministro da Economia, deixará de ser conhecida internacionalmente por Algarve, para se passar a chamar «Allgarve».
O Sr. Horácio Antunes (PS): — Não é o Algarve, é a campanha!
O Orador: — Os argumentos em sua defesa são patéticos. Não necessitamos do abcesso inglês all para designar «todo o Algarve». Há muitas décadas que a marca Algarve está consolidada no mercado, e proceder a esta alteração só poderá servir para confundir um nome que, a par do Vinho do Porto, é dos poucos de que Portugal se pode orgulhar à escala mundial.
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Ao que se sabe, o Governo colocou em «cima da mesa» três alternativas, qual delas a pior: «Algarvis», «Algarve Affair» e «Allgarve», o nome de todas as polémicas.
Não estão em causa os eventos previstos, nem as acções promocionais, nem os meios financeiros colocados, sem favor algum, ao serviço da promoção do Algarve; está em causa, tão somente, o nome «Allgarve». Trata-se de uma afronta ao bom e verdadeiro nome do Algarve, um golpe na coerência de uma marca consolidada internacionalmente há muitos anos, mais um estrangeirismo descaracterizador da nossa identidade cultural e uma demonstração de falta de bom gosto e de bom senso.
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — Muito bem!
O Orador: — É verdade que o Ministro da Economia já tinha passado incólume em 2006, quando brincou com o nome de Portugal. Só que a campanha-relâmpago intitulada «Portugall Summer», anunciada no final de Julho para derreter 1,5 milhões de euros logo nas primeiras duas semanas de Agosto, esgotou-se em meia dúzia de eventos, cujo saldo variou entre o fiasco e uns quantos banquetes para auto-exibição de um vistoso naipe do chamado jet-set nacional.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Mas o Sr. Ministro da Economia não pensa, não tem tempo para pensar, desdobrado que anda a presidir a banquetes e a cortar fitas do PowerPoint.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Já não é mais possível calar o atropelo ao Algarve, região mártir da actuação deste Governo, verdadeiro celeiro fiscal do País, por via da sua indústria turística, que vê minguadas as contrapartidas de investimento público central, abaixo de um patamar onde o miserabilismo se transforma em desprezável gorjeta.
Já não é só o trágico desfiar de um conjunto de promessas eleitorais, até agora incumpridas na sua totalidade, pomposamente apresentadas aos eleitores algarvios, em Fevereiro de 2005, sob o título de «Uma Nova Agenda para o Algarve», hoje transformada numa verdadeira «Agenda Zero».
Desde logo, à cabeça, a regionalização, cuja rápida implementação foi despachada para as calendas incertas de 2012, num exemplo de rapidez à escala jurássica.
A construção do Hospital Central do Algarve era tão prioritária que até hoje não passou do papel da «comissão de sábios».
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — É verdade!
O Orador: — A criação de uma faculdade de Medicina foi rapidamente esquecida e até o curso de Medicina continua a aguardar a luz verde de um ministro cinzento, que tem repetido, à saciedade, que não quer mais faculdades de Medicina nem mais cursos de Medicina em Portugal.
Os pólos tecnológicos não passaram do papel; o Programa Polis não sofreu qualquer impulso novo; o avanço das soluções ferroviárias ligeiras de carácter suburbano e regional continua fora dos carris; a navegabilidade dos rios Guadiana e Arade atolou-se na lama; a garantia absoluta de não introduzir portagens na Via do Infante deixou de garantir o que quer que seja; e a construção da barragem de Odelouca, até agora,