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42 | I Série - Número: 069 | 5 de Abril de 2007

O Orador: — Portanto, não vimos aqui para fazer promessas mas para garantir que a justeza do caminho que escolhemos e que continuaremos a trilhar é medida pelos factos, pelos objectivos intermédios virem a ser cumpridos, e, usando de empréstimo uma linguagem que o PSD agora gosta de usar, até com «folga». A diferença é que o PSD queria passar da folga imediatamente ao folguedo, e nós não! Já que o Sr. Deputado Luís Fazenda disse que eu iria citar ditados ou fábulas de enciclopédias, não quero deixá-lo desiludido.

Vozes do CDS-PP: — Ah!

O Orador: — Cito-lhe a Eneida, se me permite: «Toda a má fortuna se pode vencer perseverando».
Essa má fortuna que a governação da direita nos deixou há-de ser vencida, mas para isso é preciso perseverar.

Aplausos do PS.

Sr.as e Srs. Deputados, não se trata apenas de uma questão de diferença nos objectivos, trata-se também de uma questão de diferença na estratégia.
A nossa estratégia, do ponto de vista da política, da economia e do emprego, tem três pilares essenciais: estimular a confiança dos agentes económicos, a qual — não tenhamos dúvidas — consegue-se fundamentalmente mostrando que o Estado está a fazer o que lhe compete, isto é, está a corrigir os seus próprios problemas; atrair o investimento económico, através da redução dos custos de contexto, da melhoria da intensidade tecnológica da nossa produção e da orientação da política económica para o aproveitamento das novas oportunidades dos novos sectores, de que é particular expressão a nossa aposta nas energias renováveis; e o combate aos défices estruturais, à cabeça dos quais está o défice em matéria de qualificação.
Há aqui uma enorme divergência entre os objectivos e a estratégia do Governo e do PS e os do Bloco de Esquerda. Aliás, noto que as restantes bancadas da oposição não acompanharam o Bloco de Esquerda nesta interpelação. Optaram por um registo de baixa intensidade argumentativa, limitaram-se a «picar o ponto» e deixaram ao Bloco de Esquerda o problema de se confrontar com a estratégia e os objectivos da maioria e do Governo.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sabe quem é o partido interpelante?!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Isso é muito injusto!

O Orador: — A diferença entre nós e o Bloco de Esquerda é muito clara, iniludível, incontornável: enquanto nós apostamos na ligação entre criação e distribuição de riqueza, o BE tem um preconceito ideológico contra a criação de riqueza; enquanto nós apostamos na dinamização da economia e dos mercados, o Bloco de Esquerda tem um preconceito contra a economia privada — aliás, fazia parte do seu programa eleitoral a nacionalização imediata do sector da energia —; enquanto nós apostamos na reforma do Estado, o Bloco de Esquerda coloca-se ao lado de qualquer contestação que essa reforma suscite, seja qual for o seu fundamento; enquanto nós apostamos na ligação virtuosa entre a consolidação financeira e a dinamização económica, o Bloco de Esquerda, por ele, violaria imediatamente qualquer regra de disciplina orçamental.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Isso é falso!

O Orador: — O Bloco de Esquerda faz isto tudo com aquela atitude do verdadeiro «apóstolo do apocalipse», de quem gosta de anunciar com deleite a catástrofe que vem aí! Ora, a catástrofe não está a vir, e isso incomoda o Bloco de Esquerda…

A Sr. ª Mariana Aiveca (BE): — Já chegou!

O Orador: — O Bloco de Esquerda acrescenta a tudo isto uma insuportável pretensão, que é a de se constituir como uma espécie de júri para avaliar o Partido Socialista, a sua política e a natureza desta.
Nós seríamos um partido social liberal, estaríamos rendidos ao liberalismo, não estaríamos a favor da modernidade, seríamos um partido retrógrado, rendido aos interesses do grande capital e sem qualquer réstia de progressismo.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!