13 | I Série - Número: 076 | 27 de Abril de 2007
e as nossas duas bancadas continue a existir uma relação frutífera, certamente com o respeito próprio e de sempre da autonomia de cada um dos partidos a propósito de temas essenciais sobre os quais têm uma opinião muito própria.
Queria também agradecer à Sr.ª Deputada Helena Terra, do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, a cortesia e os agradecimentos que fez ao novo Presidente do CDS — tomo-os em nome de toda a bancada. Da nossa bancada terá sempre também essa postura: uma postura de cortesia perante uma bancada que é maioria, uma oposição que é crítica, mas leal, uma postura de uma oposição que muitas vezes pode ser, em alguns pontos, bastante assertiva. Acima de tudo, uma oposição que quer ser credível, pelo que terá sempre uma lealdade institucional e uma lealdade aos portugueses. Penso que essa é a postura mais importante de todas, que aliás gostava de realçar da sua intervenção, ou seja, a postura que a minha bancada teve no passado e vai ter no futuro.
Termino, agradecendo a todos os Srs. Deputados que dirigiram felicitações à minha bancada e ao meu partido. Muito obrigado.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é costume fazerem-se discursos sobre o 25 de Abril no dia 26. No entanto, algumas afirmações em relação às comemorações de ontem e os desenvolvimentos que muitos se apressaram a fazer sobre elas merecem resposta imediata.
Durante os últimos dias, e tendo desde ontem como referência a intervenção do Sr. Presidente da República na sessão solene do 33º aniversário do 25 de Abril, desenvolveu-se a teoria da chamada rotina das comemorações, como base da proposta de uma inovação que ninguém afinal concretizou.
Dizer que as comemorações do 25 de Abril caíram na rotina assenta num de dois pressupostos: na ideia de que as comemorações se reduzem, no fundamental, à sessão solene da Assembleia da República e na ideia de que a própria sessão se «afundou» num mero e fastidioso cumprimento burocrático do calendário.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Orador: — Ora, nenhuma das duas é verdadeira. Ambas as ideias estão erradas. Em primeiro lugar, porque as comemorações do 25 de Abril se multiplicam das mais diversas formas por todo o País.
Com espectáculos, exposições, palestras, edições, filmes, festas e arraiais, com convívios, debates, com iniciativas de associações, de autarquias e instituições, até com a oportuna abertura pela GNR do Quartel do Carmo à população, visitado ontem por milhares de pessoas.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Muito bem!
O Orador: — E, sobretudo, com os desfiles e concentrações populares que, em vários pontos do País, mobilizaram centenas de milhares de pessoas, com destaque para o que durante várias horas desceu a Avenida da Liberdade em Lisboa.
Nada disto foi rotina, nem no conteúdo, nem na forma, nem sequer na forma como participaram os portugueses. O que, de facto, é extraordinário é que, 33 anos depois da Revolução, se mantenha tão vivo e presente o espírito do 25 de Abril.
Mas não fujamos à questão. Há entre os jovens portugueses uma carência de conhecimento sobre o significado e a importância da Revolução de Abril. Mas este alheamento e desconhecimento radica certamente, em boa parte, na forma como foi desvalorizado, ao longo dos anos no ensino, o 25 de Abril, o que é da responsabilidade dos sucessivos governos que com isso pactuaram, quando não incentivaram, incluindo os governos do PSD de 1985 a 1995.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exactamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
O Orador: — O desconhecimento do 25 de Abril em muitos sectores da população juvenil não é obra do acaso, mas consequência das políticas educativas e também, obviamente, da negação dos direitos que a Revolução de Abril lhes prometeu.
Aliás, os jovens e o 25 de Abril foram tema forte das comemorações, seja a partir da intervenção do Sr. Presidente da República, seja através de trabalhos de vários órgãos de comunicação social, procurando abordar a questão. Alguns manipularam milimetricamente o tema, mostrando apenas entrevistas de gente mais idosa ou até transformando a real imagem de milhares de pessoas a desfilar na Avenida da Liberdade, de todas as idades, incluindo muitos milhares de jovens, na imagem de capa de um