33 | I Série - Número: 087 | 25 de Maio de 2007
No ano de 2006 — a que se reporta o presente Relatório —, o número de ocorrências criminosas foi inferior ao observado em 2003 e 2004, mas excedeu em 2% (7832 casos a mais) o de 2005. Porém, tal aumento deve-se, acima de tudo, a uma mais intensa actividade preventiva das forças de segurança.
Só o «aumento» dos crimes de condução com excesso de álcool ou sem habilitação legal, que resulta, sem sombra de dúvida, da acção fiscalizadora da polícia, é responsável por mais de metade do aumento de ocorrências.
Mesmo em relação à criminalidade violenta e grave, o acréscimo de 2% (417 ocorrências a mais) é atribuível ao reforço da actividade preventiva e repressiva das forças de segurança, que é fácil identificar no caso da violência doméstica e dos maus tratos. Trata-se de crimes que recentemente mudaram de natureza, passando a ser públicos, e que são hoje objecto de uma maior censura ético-social.
É obrigatório ter em conta, especificamente, os progressos verificados no âmbito da luta contra o tráfico de droga. O aumento da quantidade de cocaína apreendida em mais de 90% ilustra bem o sucesso da nossa investigação criminal, que foi saudado por toda a Europa e nos Estados Unidos da América.
Também em matéria de prevenção rodoviária se registou um progresso deveras significativo. É certo que morreram ainda 891 pessoas nas estradas portuguesas, mas trata-se de um número que deixa bem longe os mais de 2500 mortos anuais que se chegaram a registar em meados da década de 80 e que geraram a imagem de «guerra civil nas estradas».
O compromisso do Governo é simples. Em 2007, o esforço de prevenção e repressão da criminalidade vai intensificar-se. A definição de uma política criminal pela Assembleia da República, a modernização do Sistema de Segurança Interna e a revisão da Lei da Organização da Investigação Criminal exprimem o espírito reformista que nos anima e constituirão meios relevantes para atingir esse objectivo.
Os elevados níveis de dedicação das mulheres e homens que servem as forças e serviços de segurança e o aprofundamento de uma cultura democrática de segurança entre todos os cidadãos, que já concebem esse direito fundamental como a primeira das liberdades, são outros tantos instrumentos com os quais contamos para sermos bem sucedidos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Ministro, desculpar-me-á, mas tenho de lhe chamar atenção para uma questão institucional. V. Ex.ª dirigiu-se ao Vice-Presidente da Assembleia da República, mas dever-se-ia ter dirigido ao Presidente da Assembleia da República.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente,…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Ministro, naturalmente sei que foi involuntário.
Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Ministro, os Srs. Deputados Telmo Correia e Luís Montenegro. Porém, regimentalmente, tratando-se da apresentação de um relatório, parece não haver lugar a pedidos de esclarecimento.
O primeiro orador inscrito para uma intervenção é o Sr. Deputado Luís Montenegro, a quem dou a palavra.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço a palavra para uma interpelação à Mesa.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, creio que, aquando da apresentação de relatórios deste tipo, há precedentes no sentido de possibilitar a formulação de perguntas.
Em qualquer caso, dado que V. Ex.ª entende não haver lugar a pedidos de esclarecimento, e uma vez que o CDS-PP estava inscrito para formular a primeira pergunta, farei uma intervenção que, obviamente, terá o conteúdo das perguntas que queria fazer ao Sr. Ministro.
E, Sr. Presidente, tendo eu sido o primeiro a inscrever-me para formular perguntas, é normal que também seja eu a proferir a primeira intervenção.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Isso é verdade!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr. Deputado Telmo Correia, tem razão. Tem, pois, a palavra para uma intervenção.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito obrigado, Sr. Presidente. Até me facilita a vida porque neste caso não tenho o mesmo limite de tempo que teria se colocasse perguntas.
Sr. Ministro, em primeiro lugar queria cumprimentá-lo. Não discutindo a mudança das suas funções, porque já aqui falámos disso noutra circunstância, gostaria de lhe dizer que, sinceramente, lhe desejo a melhor sorte neste seu novo cargo, para bem do País. No entanto, Sr. Ministro, permita-me que lhe diga