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23 | I Série - Número: 030 | 22 de Dezembro de 2007


A Manutenção Militar vive actualmente dias de crise, como já aqui foi referido. O seu passivo aumenta e a preocupação dos trabalhadores é constante. São mais de 1500 trabalhadores e, portanto, isso mostra a dimensão da preocupação.
De facto, a única medida para tentar pôr cobro à acelerada degradação financeira da instituição foi a do aumento do preço das refeições, o que, em dois anos, permitiu reduzir o passivo em cerca de 6 milhões de euros. Significa isto que o passivo veio a aumentar durante longos anos por falta desta medida e por as refeições terem estado a ser pagas a um preço que não era o real.
Numa altura em que tanto se fala em centrais de compra a nível do Governo e não só, gostaria de perguntar-lhe qual é a razão por que a Manutenção Militar não abastece os três ramos das Forças Armadas, assim permitindo a sua viabilização.
Sabendo que a Manutenção Militar tem a responsabilidade pelas reservas para fazer frente a qualquer catástrofe, a mais que provável venda de património seu — messes, armazéns, etc. —, assunto que já ouvimos referir, não inviabilizará geograficamente essa sua missão em caso de catástrofe? A terceira pergunta é no sentido de saber o que pensa fazer o seu Ministério — já aqui falámos sobre isso — para, no caso das reestruturações de que se fala, integrar os trabalhadores, sabendo-se que, apesar de eles não serem considerados funcionários públicos, descontarem para a Caixa Geral de Aposentações.
Sabemos que, há bem pouco tempo, foram pagas algumas dívidas à Galp através da venda de um complexo de frio e da messe de Lagos. Pergunto o que é que está a pensar fazer-se em relação ao resto do património.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional.

O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Chora, coloca um conjunto de questões reais, às quais vou tentar responder.
Em primeiro lugar, relativamente ao património, é preciso que fique claro que os activos que podem ser rentabilizados são os que se mostrarem excedentários após a reestruturação, não os que fazem falta, nomeadamente as messes, uma vez que esses não estão em causa.
Em segundo lugar, relativamente ao facto de a Manutenção Militar não fornecer os três ramos das Forças Armadas, devo dizer que o estudo ainda não foi entregue, portanto não sabemos se essa é uma possibilidade que está em cima da mesa. Porém, sabemos por que é que não fornece os três ramos das Forças Armadas. É que a Manutenção Militar está na dependência do Exército, que tem essa responsabilidade e também esse usufruto. Quer a Marinha quer a Força Aérea usam outro tipo de modelo. Se no estudo de viabilização e de sustentabilidade económica essa for uma solução, teremos de a considerar, mas neste momento não sou capaz de lhe dar uma resposta concreta.

O Sr. Presidente: — Para replicar, tem a palavra o Sr. Deputado António Chora.

O Sr. António Chora (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, quando há pouco respondeu a uma pergunta feita por um Deputado PSD e referiu que já esteve no Afeganistão e no Kosovo, recordei-me da canção Conquistador, que ganhou um festival da canção, na qual se cantava «Já estive em Angola, Bissau, Timor…» Sabendo-se, neste momento, que o Estado afegão é um narco-Estado e que já deviam ter sido criadas condições para ter uma defesa própria, bem como condições civis e políticas para manter os direitos das mulheres e das raparigas de irem à escola e tendo em conta a permanência das tropas portuguesas e a debandada de outras de outros países, pergunto: será que as tropas portuguesas vão ficar lá para «fechar a porta»? É que, nestas situações, é complicado ficar só para «fechar a porta», deixando-se, depois, voltar tudo ao mesmo.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional.

O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr. Deputado, essa é uma das questões mais sérias com que nos confrontamos. Mas, como já disse, julgo que não podemos ter uma visão sectorial do problema. Ou seja, o problema do Afeganistão vai muito para além da segurança e da responsabilidade da NATO e, neste momento, temos estado a centrar-nos na questão da segurança e na missão militar da NATO.
Penso que o que a comunidade internacional tem de fazer é ir para além disso e investir na parte civil. Ou seja, é importante que a União Europeia, que está no terreno a fazer uma missão de polícia e de formação do sistema judicial, desenvolva essa área para a formação de um Estado central. É preciso que haja alternativas para a economia da droga, porque há uma larga margem da população camponesa que vive disso e é preciso que encontre a sua subsistência quando essa economia for erradicada.
Não se trata, pois, de tarefa fácil, sendo nessa perspectiva global que a comunidade internacional tem de