25 | I Série - Número: 030 | 22 de Dezembro de 2007
militar com o ensino superior civil, que é importante também para o País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para replicar, tem a palavra o Sr. Deputado José Lamego.
O Sr. José Lamego (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, agradeço a sua resposta, que, se me permite que faça um juízo de valor, foi muito articulada, substantiva e útil, não apenas para mim mas também para a Câmara.
Já agora, uma vez que, nos termos regimentais, disponho de mais 1 minuto, pedia-lhe que explicitasse em que medida é que esse sistema de ensino pode articular-se com toda a actividade da cooperação técnicomilitar e em que medida é que podemos ajudar outros países a ser produtores de segurança, a qualificar e a civilizar, neste sentido específico, o seu sistema de forças militares.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, indiscutivelmente, este sistema de ensino tem e pode ter uma relação com a cooperação técnico-militar. Uma das áreas fundamentais desta cooperação, que tem sido um sucesso em geral e que, em particular na área da formação, tem tido grandes resultados, é esta reforma do sistema de ensino, esta melhor preparação dos quadros, esta melhor qualificação dos oficiais das Forças Armadas, o que pode ter reflexos concretos nos projectos de cooperação em que a formação dos quadros das Forças Armadas dos países de língua portuguesa tem um papel fundamental. Isso acontece em Angola, acontece em Cabo Verde, acontece em Timor — como lembra o Sr.
Secretário de Estado, que esteve em Timor há pouco tempo e que tem a responsabilidade pela cooperação técnico-militar).
E julgo que pode ter influência e reflexo numa outra coisa: na multilateralização dessa formação no quadro da CPLP. Como sabe, Sr. Deputado, a nossa cooperação técnico-militar tem sido, até agora, essencialmente bilateral, Estado a Estado. Ora, julgo que o capital e a experiência acumulados permitem que, neste momento, se dê um salto para a multilateralização dessa experiência e desse conhecimento, no quadro da CPLP, criando centros de excelência de formação…
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — … das Forças Armadas, os quais podem estar situados num desses países que tenham a cooperação portuguesa, de modo a poderem servir todos os países da CPLP.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular uma pergunta, tem a palavra o Sr. Deputado Henrique Rocha de Freitas.
O Sr. Henrique Rocha de Freitas (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Defesa Nacional, vou falar das Forças Armadas Portuguesas e, em concreto, de dois soldados, do soldado de apelido «Laranja», que teve a sorte de ingressar nas fileiras em 2004, e do soldado de apelido «Rosa», que teve o azar dos Távoras de ingressar em 2007.
O soldado Laranja, cumpridos os seis anos de contrato, no final, recebe um suplemento de ingresso no valor de 19 000 €; o soldado de apelido «Rosa», depois da entrada em funções deste Governo, recebe um subsídio de integração de apenas 9500 €.
O soldado «Laranja» podia ingressar (tinha essa prerrogativa) na Guarda Nacional Republicana; o soldado «Rosa» não pode ingressar na Guarda Nacional Republicana e, agora, durante dois anos, até está impedido de fazê-lo, pois a Guarda Nacional Republicana não vai abrir concurso durante esse período.
Isso levará certamente a dizer que a profissionalização vai mal. E, do ponto de vista quantitativo, também vai mal: em 2004, ingressaram nos quadros permanentes cerca de 5000 soldados; em 2007, esse número cifra-se nos 3700.
Mas vamos admitir, por masoquismo, que o soldado «Rosa» continua e quer estar na carreira. Olha para a circunstância da progressão e das promoções e constata: «Bom, se eu tivesse ingressado em 2004 e fosse oficial, tinha a certeza de que 29% dos oficiais eram promovidos; em 2007, sei que só 20% irão ser promovidos. Se eu fosse sargento, saberia que, em 2004, 18% seriam promovidos; em 2007, só serão promovidos 8%».
Por isso lhe digo, Sr. Ministro, que, na profissionalização, aos três r, que são da sua responsabilidade, isto é, recrutamento, retenção e reinserção, acrescentarei um quarto, que é o r de reprovação.