17 | I Série - Número: 042 | 1 de Fevereiro de 2008
propaganda do Governo dizer que o Serviço Nacional de Saúde tem mais qualidade e mais fácil acesso. É exactamente o contrário, Sr.ª Deputada!
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Helder Amaral.
O Sr. Helder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Semedo, agradeço por ter trazido a debate esse tema importantíssimo.
Enquanto não nos entendermos sobre o que deve ser o Serviço Nacional de Saúde (e devo dizer que o CDS-PP está preocupado com o estado de saúde do Serviço Nacional de Saúde), devíamos ou não concentrar-nos no doente? É que, se assim o fizermos, as coisas parecem-nos mais claras.
Concorda ou não que, antes de qualquer encerramento, seria normal e lógico arranjarmos um plano nacional de transportes, em colaboração com o INEM, com a Cruz Vermelha Portuguesa e com os bombeiros portugueses? Concorda ou não que se deveria ter feito uma reestruturação dos hospitais que receberiam os doentes dos serviços encerrados, quer no que respeita a reforço de meios quer na capacidade? Sai caro aos doentes e aos utentes mas sai ainda mais caro à economia portuguesa todos quantos passam horas e horas à espera de serem atendidos, custando mesmo vidas, pois muitos deles acabam por falecer à espera de atendimento.
Concorda ou não que, feito este diagnóstico, o Estado também poderia encontrar parcerias — porque não nos privados? — para poder dar resposta aos doentes, àqueles que precisam do Serviço Nacional de Saúde e de tratamentos.
Quanto aos cuidados primários, concorda ou não que não se trata de 100 ou de 200 unidades de saúde familiares mas, pelo menos, de 900 para que o todo o País seja coberto por médicos de família? Digo isto para percebermos que vai uma grande distância entre a propaganda do Partido Socialista e o que se passa no concreto.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Helder Amaral (CDS-PP): — Temos um ministro que sai, que, infelizmente, será conhecido como o «pai dos filhos tinoni», aqueles que nasceram nas ambulâncias, e temos uma ministra que entra. Gostava de perguntar ao Sr. Deputado se não considera que se trata de uma Ministra do «faz-de-conta»: faz de conta que muda a política mas não muda; faz de conta que melhora o Serviço Nacional de Saúde, mas não melhora; faz de conta que teremos um ministro diferente e teremos mais do mesmo.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Helder Amaral, o Bloco de Esquerda conduzirse-á no domínio da política da saúde relativamente à nova ministra procurando contribuir para uma efectiva mudança da política.
Queremos que as políticas sirvam os portugueses. Não nos movemos apenas pelo discurso político da oposição; queremos contribuir também para a construção de soluções que respondam efectivamente aos problemas dos portugueses.
Por isso, tomámos a iniciativa de requerer a realização de uma audição com o Presidente do INEM. Todos nós estamos recordados do que foram as reuniões que tivemos com o Presidente do INEM: fantasia, fantasia, fantasia! Ficámos a saber que aquilo que estava prometido para o dia seguinte — a referenciação geográfica e novos meios para assegurar o conhecimento dos pedidos, das chamadas e dos meios —, passado um ano, ainda está por fazer.
Nós queremos realismo e seriedade e não uma política de mentira sobre a situação da emergência préhospitalar.