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29 | I Série - Número: 093 | 7 de Junho de 2008


Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Todos temos sentido, mais do que uma vez, que as novas gerações não estão motivadas para a coisa pública, que nem sempre fazem a avaliação do que foi a conquista da liberdade.
Mas nós, que pertencemos a uma geração que viveu sob o regime ditatorial, sabemos bem quantas vidas e quantos sacrifícios foram necessários para conquistarmos a democracia e a liberdade.
Porém, não devemos queixar-nos tanto pelo facto de essas gerações não terem essa avaliação porque, para elas, a liberdade e a democracia são um dado adquirido, dado adquirido que teve esse custo elevadíssimo. Compete-nos, sim, fazer pedagogia no sentido de essas gerações terem acesso a uma avaliação do que foi esse período negro da nossa história e do esforço colectivo para o ultrapassarmos, com o sucesso que o 25 de Abril nos proporcionou, acabando com o «orgulhosamente sós», acabando com o isolamento em que Portugal estava no mundo, acabando com uma guerra que não tinha fim e criando um País novo, que ainda não é aquele que todos desejamos, que também passa por dificuldades porque, em relação a algumas questões, também há o lado negativo.
Coloca-se uma restrição inultrapassável a esta resolução: ainda não temos o distanciamento histórico bastante para se fazer a história com a isenção que estes movimentos e estas situações exigem. Mas temos a obrigação de criar esses espaços, designadamente museológicos, para que a história fique ainda mais firme nos seus valores e nos seus princípios.
O que se pretende, através desta resolução, é estabelecer uma interacção das escolas e dos estabelecimentos de ensino de vários níveis com estes centros museológicos, onde também estão abrangidos, porque aí houve, infelizmente, focos de resistência, espaços onde a ditadura foi exercida de uma maneira mais forte, como o do Tarrafal, de má memória.

O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Quero ainda dizer que o 25 de Abril está muito presente nesta resolução, acima de tudo pelo consenso que obteve nesta Câmara, o que se pode constatar através das assinaturas que a resolução conseguiu.

O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Muito bem!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Não é preciso dizer mais nada, porque é isto que a Câmara sente.

Aplausos do PSD e de Deputados do PS.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rosas.

O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Esta bancada regozija-se com a apresentação da resolução em debate, fruto, em boa parte, da acção persistente do Sr. Deputado Marques Júnior, que aproveito para saudar de forma muito especial, resolução, esta, que merece o apoio da bancada do Bloco de Esquerda.
A presente resolução significa que a República, sem prejuízo da sua essencial pluralidade de discurso sobre a memória, não é neutra em relação à própria memória genética da democracia; não é neutra no tocante à condenação da ditadura, do fascismo, da opressão e da guerra; não é neutra também no reconhecimento da dívida que tem para com os que resistiram, para com os que lutaram, sofreram e morreram em defesa da liberdade.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. Fernando Rosas (BE): — É esse reconhecimento, esse ponto de partida, que nos permite dizer que a memória em democracia é, por natureza, um campo plural de debate, de disputa, disputa até entre