44 | I Série - Número: 096 | 19 de Junho de 2008
A Sr.ª Ana Manso (PSD): — A reforma dos cuidados primários de saúde, uma das poucas que começou por ser positiva, está atrasada na criação das unidades de saúde familiar (USF), que deveriam ter abrangido 2 milhões de potenciais utentes no final de 2006 mas só abrangem 1,6 milhões em Junho de 2008. O modelo das USF é claramente inadequado para o interior do País, os lugares de direcção dos agrupamentos de centros de saúde correm o risco de ser partidarizados…
A Sr.ª Helena Terra (PS): — Se fosse com o PSD corriam!
A Sr.ª Ana Manso (PSD): — … e a própria reforma «entrou em letargia», nas palavras de alguns dos seus responsáveis.
No que se refere às listas de espera, seja para consultas seja para cirurgias, apesar da maquilhagem dos números, dos óbitos, das desistências e das idas a Cuba, largas centenas de milhares de utentes continuam meses à espera que lhes façam uma operação, lhes marquem uma consulta ou lhes realizem um simples exame.
E se algum mais zeloso defensor do Governo tiver o atrevimento de invocar a redução das listas de espera é bom que tenha presente que no tempo do PS, em 2002, as listas de espera para cirurgia tinham um tempo médio de espera de cinco anos, tempo que os governos do PSD, em dois anos e meio, reduziram para menos de nove meses.
O Sr. Ricardo Martins (PSD): — Bem lembrado!
Risos do PS.
A Sr.ª Ana Manso (PSD): — A verdade é que, hoje, quase 400 000 portugueses aguardam por uma primeira consulta na especialidade e cerca de 190 000 esperam por uma cirurgia, número cujo total atinge qual 600 000 portugueses.
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Quer queiram quer não, têm de contar com o PSD!
A Sr.ª Ana Manso (PSD): — O número de portugueses inscritos para cirurgia, se por si só é impressionante, ganha ainda maior gravidade se o comparamos com a situação na vizinha Espanha, em que os inscritos não chegam a 300 000, mais 100 000 do que em Portugal, mas com uma população quatro vezes superior.
Em Espanha, por cada 1000 habitantes, 7 esperam por uma cirurgia, quando em Portugal esse número é superior a 19, ou seja, quase o triplo.
O tempo médio de espera em Espanha é de dois meses, contra os cinco meses existentes em Portugal.
Nesta área, como noutras, o Governo pouco ou nada fez. E agora, que passaram três anos, inventa uns planos, paga aos hospitais públicos para estes fazerem o que já deveria ser sua obrigação e faz de conta que não se passa nada.
Não foi por acaso que alguém, na noite de Santo António, ao ser entrevistado por um canal de televisão, dizia que «o País está de rastos, o País está a saque e se não fosse o Santo António e o futebol seria uma guerra civil».
Vozes do PS: — Ahhh!…
A Sr.ª Ana Manso (PSD): — De facto, o Governo de Portugal, ao contrário da Selecção, tem conduzido o País ao empobrecimento contínuo, ao desemprego, à fome e à falta de saúde.
Vozes do PS: — À fome?…