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47 | I Série - Número: 105 | 11 de Julho de 2008


Nunca a economia portuguesa dependeu tanto e tão estreitamente de um só país, de uma só economia estrangeira.

O Sr. Afonso Candal (PS): — É só asneiras!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Mas a pergunta que imediatamente aflora, que tem mesmo de fazer-se, vem a ser a seguinte: quem definiu a prioridade estratégica da economia portuguesa em 2005? Não foi o Sr.
Primeiro-Ministro que, como quem canta hossanas, exclamou: Espanha, Espanha, Espanha?!

Aplausos do PSD.

O Sr. Afonso Candal (PS): — E bem!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — E que, com isso, rompeu até com uma constante da política externa económica, que, especialmente depois da integração europeia, procurava evitar a «mono-dependência» dos nossos vizinhos? Não há aqui um estranho paralelo com a orientação dos anteriores governos socialistas, de que o Sr.
Primeiro-Ministro era figura proeminente, quando nos venderam o Brasil como a prioridade de política externa económica com resultados francamente negativos?

Vozes do PSD: — Bem lembrado!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Basta ver o recente relatório do Tribunal de Contas sobre a Águas de Portugal!…

Vozes do PSD: — Bem lembrado!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Como foi possível definir essa orientação e materializá-la, quando, em 2005, já toda a gente sabia que o sobreaquecimento da economia espanhola se devia à especulação imobiliária e a um sobrepeso da construção civil? Mesmo sem subprime, qual era o economista português ou, até, o trabalhador da construção civil que ignorava a bolha imobiliária espanhola e o risco iminente do seu rebentamento?

O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — É verdade!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — E, agora, que será da taxa de desemprego no dia em que regressarem os milhares e milhares de portugueses que trabalham na construção civil espanhola, geralmente em condições pouco dignas? Quem paga essa factura? Quem paga essa fractura social?

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, fará algum sentido que um País, que se até agora se tem vangloriado de estar praticamente isento de subprime, venha a absorver e a incorporar todos os efeitos perniciosos dessa crise, através da sua dependência de um dos países que ficou mais exposta à mesma? Tudo isso por um erro, mais que evitável, de política estratégica? Afinal, quando alguém proclamou Espanha, Espanha, Espanha que modelo de desenvolvimento tinha?

O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Nenhum!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — O de uma economia regional à escala ibérica ou o de uma pequena, mas ágil, economia aberta, dinâmica e diversificada no contexto global?