13 | I Série - Número: 007 | 2 de Outubro de 2008
garantindo este, «a pés juntos», depois de já algumas vezes no passado ter decretado o fim da crise em Portugal, que o nosso país não seria afectado pela crise.
O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Disse-o há 15 dias!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Quando todos os Governos dos países europeus reviam em baixa, em alguns casos em baixa pronunciada, as suas projecções de crescimento económico, o nosso Governo socialista mantinha, numa muito pouco recomendável profissão de fé, o crescimento de 2008 nuns irrealistas 2,2% e prosseguiria, irresponsavelmente, uma política de festa e de anúncios de investimento sobre investimento, esbanjando o nosso dinheiro e pressionando mais e mais o nosso endividamento e o próprio custo do dinheiro.
Aplausos do PSD.
Só quando os indicadores de confiança começaram a mostrar o inevitável, aí, a toda a pressa, reviu-se o cenário económico, tendo-se passado do 80 para o 8: uma postura muito pouco aconselhável e que não dá confiança a ninguém.
Acresce que, se a preocupação passou a fazer parte do léxico corrente do Governo, o bom senso continuou ausente, como mostrarei de seguida.
Ainda ontem, o Ministro da Economia decretou o fim do mundo como o conhecemos, referindo que «o mundo da prosperidade, que marcou os últimos 10 a 15 anos, terminou».
Srs. Deputados, a nossa sorte é que ninguém já o leva a sério,…
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — … porque se assim não fosse, que danos causariam declarações como estas ao nosso país em termos de confiança!
Aplausos do PSD.
Mas que irresponsabilidade, que demagogia, que contradições com declarações de há apenas meses atrás, em que garantia que a crise não chegaria ao nosso país!… Mas o problema, o mal, Srs. Deputados, é que o exemplo vem de cima.
Há dias, em Guimarães, assumindo uma postura muito pouco própria para as funções de responsabilidade que desempenha, o Primeiro-Ministro diabolizou os mercados financeiros, apelidando a actividade aí desenvolvida como «jogo da bolsa».
Srs. Deputados, como bem se está a ver, o sistema financeiro é demasiado sério para ser caracterizado como se de um casino se tratasse,…
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — … o que é revelador até de ignorância, pelo seu papel capital para a remuneração das poupanças, a criação de riqueza e o desenvolvimento económico.
Aplausos do PSD.
Mas há mais.
Continuando na sua senda politiqueira, o Primeiro-Ministro veio ontem culpabilizar unicamente os Estados Unidos pela situação a que se chegou, fechando os olhos ao que se passa na Europa, onde vários governos tiveram que intervir, injectando mais de 77 000 milhões de euros em bancos que revelaram dificuldades extremas.