14 | I Série - Número: 007 | 2 de Outubro de 2008
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Tal e qual!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Ora, a verdade a que os portugueses têm direito é que se a supervisão e a regulação falharam — e falharam, Srs. Deputados —, tal como o mercado também falhou, isso sucedeu a nível global. O que é confirmado se contabilizarmos as perdas assumidas até agora pelo sistema financeiro a nível mundial: cerca de 57% deram-se nos Estados Unidos, mas a Europa assumiu já cerca de 40%.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Pois é!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Esta realidade exigia, portanto, outro tipo de reacções e de declarações por parte dos responsáveis governativos portugueses. Declarações e afirmações irreflectidas, contraditórias, demagógicas e inconsequentes eram o que a população portuguesa não precisava de ouvir.
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — O que se esperava — e que o PSD espera — era que as autoridades responsáveis actuassem com serenidade e tomassem as medidas necessárias à regularização global do sistema.
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — É verdade que, ontem, José Sócrates veio emendar a mão e tentar tranquilizar os portugueses. Mas isso era o que devia ter feito desde o início…
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Claro!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — … e não só depois de ter diabolizado o sistema financeiro, nem depois de ter um Ministro da Economia que anuncia o fim do mundo!… Infelizmente para nós, estes erros na acção do Governo já vêm de longe. Desde 2005 que tem vindo a falhar, com uma política económica global perfeitamente desastrada: fez disparar a dívida externa para 100% da riqueza produzida anualmente no País e o défice externo para 10%; enviou um sinal profundamente errado às famílias de desincentivo à poupança, alterando em seu desfavor as regras dos certificados de aforro (quando, nos tempos em que vivemos, o que era avisado era fazer exactamente o contrário); tem vindo a fazer com que a competitividade da economia portuguesa desça todos os anos, tornando o País cada vez menos atractivo ao investimento; fez baixar o défice público sempre à custa de mais impostos, que têm vindo a sufocar a vida das famílias e das empresas e a fazer definhar a nossa economia; e, ao mesmo tempo, com o falhanço do PRACE, não conteve as despesas de funcionamento do Estado como devia ter acontecido e tal como tinha planeado em 2005.
Uma política económica, Srs. Deputados, que tem apostado em projectos de investimento público não reprodutivo, pressionando incomportavelmente o endividamento nacional — que era a última coisa de que Portugal precisava —, e que, sabe-se agora, na sua vertente rodoviária, foram planeados com valores absolutamente irrealistas, que na maior parte dos casos estão subavaliados em mais de 100%.
Começam até a levantar-se vozes a defender a reformulação do plano de expansão rodoviária actualmente em curso e o reequacionar dos projectos de investimento público que já foram apresentados, dando razão ao que, já há alguns meses, o PSD vinha alertando.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é de agora que a política do Governo socialista está errada, mas a crise que atravessamos torna mais evidente esse erro. E sobretudo torna mais difícil à propaganda socialista esconder os seus falhanços e continuar a enganar a população.