35 | I Série - Número: 067 | 16 de Abril de 2009
estes 180 dias deveriam ser para legislar, porque deviam ter andado a estudar durante os quatro anos do mandato que em breve acabará! Mais flagrante ainda é, no entanto, o facto de o Governo fazer deste anúncio uma questão que enche parangonas de jornais e abre noticiários. É o anúncio fantástico de que vai finalmente ajudar os pequenos comerciantes e industriais que vivem com dificuldades e que, tantas vezes por culpa também deste Governo, estão no limite da sobrevivência. Não assume é o reverso da medalha: se se vier a atribuir o subsídio de desemprego a esses contribuintes a taxa social única terá de ser aumentada de 29,6% para 34,75%.
Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente António Filipe.
Aliás, o Governo aposta numa estratégia de silêncio e de descrição neste debate do código contributivo. O que é estranho num Governo que tanto se esforça por mediatizar anúncios e medidas tantas vezes inconsequentes e irrelevantes. Então, o código contributivo não era merecedor de diversas reuniões onde estivessem presentes todos os parceiros sociais ao mesmo tempo? Era, mas o Governo propõe-se fazer reuniões bilaterais.
Este é um comportamento ditado por uma estratégia de silêncio não vá às tantas dar-se publicidade às medidas gravosas, mal ponderadas e escassamente estudadas que a proposta do código contributivo comporta.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Aliás, dentro desta estratégia de silêncio está já anunciada a recusa dos Deputados do PS em termos o Sr. Ministro do Trabalho no Parlamento para explicar aspectos relativos ao código contributivo.
Era de suspeitar que o Ministro do Trabalho, responsável pelas campanhas eleitorais do Partido Socialista, não tivesse tempo para vir ao Parlamento, nem sequer para explicar os contornos e os fundamentos daquela que ele próprio classifica como a última reforma estrutural do Governo, pois havia muito a explicar.
Para além do que já acima fomos referindo, devia o Ministro do Trabalho explicar como em tempo de crise económica e social, com o desemprego a crescer e as oportunidades de emprego a baixarem, se atreve o Governo a aumentar os custos do trabalho; se atreve o Governo a reduzir a percentagem da taxa social única alocada ao subsídio de desemprego;»
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Adão Silva (PSD): — » (termino já, Sr. Presidente) se atreve o Governo a aumentar as contribuições das entidades que se ocupam do combate à pobreza e à fome, do apoio aos mais desfavorecidos e às famílias mais carenciadas.
O Partido Social-Democrata repete aqui a exigência de que o Ministro do Trabalho venha rapidamente ao Parlamento e explique os aspectos técnicos, mas sobretudo os aspectos de flagrante impacto político e social que a proposta de lei do código contributivo contém.
É sabido que o Governo fala demais em muitas ocasiões, porém, nesta situação remete-se ao silêncio num manifesto acto de calculismo e de oportunismo eleitoral que é intolerável e que o PSD não pode aceitar.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Maria José Gambôa e o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria José Gambôa.
A Sr.ª Maria José Gambôa (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Adão Silva, foi pena ter trazido aqui, hoje, uma matéria que na verdade não está no tempo certo. V. Ex.ª chamou-lhe promessa e deveria ter falado