12 | I Série - Número: 073 | 27 de Abril de 2009
Os portugueses vão descobrindo, não sem espanto, que alguns revolucionários de ontem são os poderosos de hoje, com a diferença original de se comportarem como novos autoritários. Com a Constituição socializante sempre na boca, não hesitam em reduzir o espaço de independência das empresas; não hesitam em interferir nos negócios em concreto; não hesitam em constituir uma corte de dependentes; não hesitam em tentar controlar os media; não hesitam em pretender conformar a justiça; não hesitam em clientelizar o voto; não hesitam em condicionar a autonomia das instituições; não hesitam em capturar a liberdade da sociedade civil; não hesitam em arruinar o prestígio das profissões.
O socialismo é, para muitos dos que nos governam, uma patente que consente tudo. É por isso que há cada vez menos portugueses a acreditar nas palavras do Governo e há cada vez mais portugueses a recear os abusos do Governo.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República: No momento actual, os portugueses confrontam-se com uma situação dificílima e enormes desafios.
A crise económica e financeira gera pessimismo e absorve energias. O compromisso com uma economia de mercado com responsabilidade ética é inadiável e sem condescendências.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — A descrença que alastra em relação à vida pública exige um novo compromisso entre eleitos e cidadãos.
Os portugueses legitimamente esperam dos seus representantes exemplos de ética e responsabilidade.
Exigem de todos a coragem de reformar o que está mal e melhorar o que é possível.
Aqui e agora, há meio milhão de portugueses sem emprego. Porque não há empregos sem empresas, a resposta é apostar nas micro, pequenas e médias empresas portuguesas. Fazer tudo o que está ao nosso alcance, nomeadamente no plano fiscal, para lhes permitir sobreviver e enfrentar a tormenta.
Aqui e agora, há dois milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar de pobreza. São especialmente vulneráveis os mais velhos e os doentes. A resposta é um esforço suplementar de solidariedade que não se reduz à acção do Estado — precisa das instituições sociais; precisa da família; precisa do voluntariado; precisa da responsabilidade social de cada um de nós.
Aqui e agora, há milhares de jovens portugueses — muitos com licenciaturas, mestrados e doutoramentos — que são obrigados a emigrar à procura de emprego, ou, mais exactamente, à procura de sociedades que reconheçam e premeiem a excelência, o esforço e o mérito. Somos pela liberdade de circulação dos talentos, mas não queremos que os jovens deixem Portugal porque não fomos capazes de construir uma sociedade de oportunidades.
Aqui e agora, há uma classe média portuguesa que empobreceu e que dificilmente consegue subir na vida.
A resposta não é sufocá-la com mais impostos e contribuições.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Aqui e agora, há mais de meio milhão de portugueses à espera de uma consulta ou de uma cirurgia. Isto revela os limites de uma certa visão ideológica da saúde. A resposta é a máxima utilização de todas as capacidades instaladas — públicas, privadas ou sociais — para garantir o acesso aos cuidados de saúde e reduzir os tempos de espera.
Aqui e agora, há um colapso da credibilidade do sistema judicial. Deve constituir máxima prioridade das instituições reformar, reconstruir, reabilitar a confiança neste pilar do Estado de direito que estamos diariamente a deixar de ser.
Aqui e agora, há uma perigosa perda de autoridade das forças que têm como missão proteger a nossa segurança. Temos de perceber que sem segurança não há liberdade e que a protecção da nossa liberdade implica políticas mais firmes, leis mais realistas e tribunais mais eficazes.