48 | I Série - Número: 082 | 21 de Maio de 2009
Referiu uma conhecida procuradora do Ministério Público que o Dr. Lopes da Mota é uma pessoa que goza de grande consideração pública. Mas claro que sim! O que sucede é que, ao longo de todo este processo, ele nunca esteve à altura da dignidade, ele nunca esteve à dimensão do prestígio do alto cargo que exerce.
Disso não tenho a mais pequena dúvida – não tenho eu, nem tem ele, nem ninguém, em Portugal, sobre o que acabo de dizer.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Bem tentou o Procurador-Geral da República designar dia e hora para uma conferência de interessados, ou para uma tentativa de conciliação das partes. Mas, segundo consta, o que se pretendia era que os procuradores assinassem um documento conjunto a dizer que era mentira tudo aquilo que tinham dito que era verdade. É claro que não assinaram. Era mesmo o que mais faltava! A verdade, Srs. Deputados, nunca é injusta. Ela pode magoar mas não deixa ferida.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — E se houvesse dõvidas» Ainda hoje há um take da Lusa que refere que, desde que se iniciou o inquérito sobre as alegadas pressões, o Procurador-Geral da República deu instruções no sentido de que todas as diligências necessárias e que impliquem a cooperação judiciária internacional, passem a ser efectuadas sem a intervenção da Eurojust, passando a ser utilizados outros canais. Esta é a demonstração pública e inequívoca de que o próprio Procurador-Geral da República retirou toda a confiança do nosso representante da Eurojust.
Aplausos do PSD.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O imbróglio mantém-se e o insólito acabou por suceder, ontem, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, com a recusa, por parte do Partido Socialista, da audição do Procurador Lopes da Mota e do Ministro da Justiça.
Afinal, o que é que esta maioria socialista quer esconder? Como se compreende tal posição quando o próprio Ministro da Justiça, no dia anterior, manifestara publicamente a sua inteira disponibilidade para comparecer no Parlamento para discutir o assunto? Como é que os Srs. Deputados do Partido Socialista justificam às suas próprias consciências o sentido em que votaram? Finalmente, pergunto: o que falta acontecer para que o Governo tome a única decisão, a única decisão que deve tomar: o afastamento do Dr. Lopes da Mota do alto cargo internacional que exerce?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Sabemos que existe o instituto da presunção de inocência.
Nenhum de nós aqui o contraria. Mas não vale tudo. É preciso salvaguardar a dignidade e o prestígio das instituições. Ora, a Eurojust é uma instituição internacional que desenvolve uma importantíssima missão no âmbito da cooperação penal.
O que falta ao Governo para que tome a única decisão que se impõe? Sabemos o que lhe falta: apenas coragem. E governar, não esqueçam, é um acto de coragem, coragem que este Governo não tem, nunca teve, nem quer ter, coragem que os portugueses sempre mereceriam.
O que vale, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é que já falta muito pouco tempo, já falta muito pouco tempo para que este Governo, agoniado, desprestigiado e descredibilizado, seja afastado do poder pelos portugueses.
Chegou a hora! Chegou a hora de os senhores deixarem governar o País!
Aplausos do PSD.