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49 | I Série - Número: 082 | 21 de Maio de 2009

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado António Montalvão Machado.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Montalvão Machado: Antes de mais quero felicitá-lo por ter trazido este tema à Câmara porque é, de facto, um tema muito importante.
Gostava de trazer à memória o que tem sido este processo. Desde o início que o CDS-PP tem dito sempre a mesma coisa: à justiça o que é da justiça, à política o que é da política! A partir do momento em que surgiram opiniões e factos no sentido de, alegadamente, o Sr. Ministro da Justiça ter falado com um procurador para se poderem fazer pressões num processo, não estamos no campo da justiça, estamos no campo da política.
Quando surgiram essas informações e essas notícias, o CDS-PP fez o que entendeu que tinha de fazer: chamar o Ministro da Justiça ao Parlamento, o que fizemos perante a 1.ª Comissão. Sucede que, posteriormente a essa audição na 1.ª Comissão, houve um inquérito feito no seio do Ministério Público que gerou um procedimento disciplinar ao Sr. Procurador Lopes da Mota. O Sr. Procurador, numa entrevista, reconhece ter usado o nome do Sr. Primeiro-Ministro e o nome do Ministro da Justiça em conversas com os procuradores titulares do processo Freeport.
O que é que o CDS-PP fez a seguir? Fiel a este princípio, fizemos o que considerámos que tínhamos de fazer, que era chamar ao Parlamento o Ministro da Justiça — conseguimos impor essa chamada potestativa —, mas também chamar ao Parlamento o Procurador Lopes da Mota.
É uma vergonha para o Parlamento e para as instituições democráticas o que o Partido Socialista fez, «chumbando» a audição política de alguém que assumiu que tinha usado o nome do Sr. Primeiro-Ministro e do Ministro da Justiça. Era no Parlamento que essas alegações tinham de ser comprovadas e o Partido Socialista não o permitiu! O que é mais espantoso (e era sobre isso que gostava de ouvir a opinião do Sr. Deputado) é o facto de, perante uma atitude que o Governo se recusa a tomar, que é a de cessar a comissão de serviço e afastar o Procurador Lopes da Mota da Eurojust, ser o Sr. Procurador-Geral da República que é forçado a tomar esta posição. No caso, como não é possível afastar o Procurador do processo, o que é que o Sr. Procurador-Geral da República faz? Afasta a Eurojust do processo. E isto é, de facto, do ponto de vista do que deve ser a separação de poderes, do ponto de vista do que deve ser cada uma das dimensões, algo que não podemos aceitar!

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem de terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
É no Parlamento, perante os representantes legítimos da Nação, isto é, os Deputados, que esta audição deve ser feita. É o Governo que tem de tomar uma decisão que é a de fazer cessar a comissão de serviço, e não forçar o Sr. Procurador a fazer o contrário, que é afastar a Eurojust do processo.
É sobre isto, Sr. Deputado, que lhe peço que faça um comentário.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Montalvão Machado, o Sr. Deputado trouxe a debate, hoje, no Plenário da na Assembleia da República uma questão que, para além de ter sido já objecto de vários debates na própria Assembleia, em sede de comissão, é também uma situação que anda pelo País inteiro, suscitando as maiores dúvidas, as maiores reservas e, sobretudo, as maiores perplexidades.
Sr. Deputado, gostaria de ouvir o seu comentário e de saber se acompanha, ou não, a bancada do Bloco de Esquerda em algumas considerações.
A primeira consideração que gostaríamos de fazer é a de que aquilo que a Procuradoria-Geral da República hoje assume, através de comunicado, é aquilo que era óbvio para todos nós, aquilo que o Bloco de