9 | I Série - Número: 092 | 18 de Junho de 2009
Depois, Sr. Primeiro-Ministro, perdeu as eleições também porque foi a arrogância que perdeu. A arrogância de quem se acha autorizado a perseguir classes profissionais inteiras; a arrogância de quem se acha mais preocupado com a sua própria autoridade do que com a autoridade daqueles que lidam com a sociedade todos os dias; a arrogância de quem se permite, em relação a sectores produtivos, desprezar todos os compromissos, os prazos e os dinheiros utilizáveis.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, acho que o País se cansou, se cansou dessa arrogância, que não é uma questão de forma, é uma questão de essência.
Aplausos do CDS-PP.
Acresce, Sr. Primeiro-Ministro, que o País também se cansou, e muito, de outra coisa: do excesso de propaganda e do défice de autenticidade.
Os portugueses não querem mais um Governo que lhes anuncia uma taxa «Robin dos Bosques» e que, depois, não tem um euro para arrecadar.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Os portugueses não querem mais um Governo que lhes promete a baixa do IRC para o ano e depois, à bolina, duplica a tributação autónoma para este ano.
Os portugueses não querem mais um Governo que se compromete, junto das famílias endividadas, a um fundo de investimento imobiliário de arrendamento que pura e simplesmente não funciona.
A Sr.ª Rosa Maria Albernaz (PS): — Que disparate!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Os portugueses não querem mais um Governo que lança um programa para os desempregados que têm empréstimos junto da banca e que, depois, vêem que esse programa não funciona.
Os portugueses não querem mais um Governo que anuncia 1000 vezes polícias que não estão na rua.
Os portugueses não querem mais um Governo que chega a proclamar que vai comprar os seguros de crédito quando a negociação ainda não tinha começado e presumo que ainda não está terminada.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Dela não se sabe nada!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Os portugueses não querem mais um Governo que passa quatro anos a dizer que com a maior urgência vai tornar efectiva a unidose na dispensa de medicamentos e, ao fim de quatro anos, nada.
Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses estão muito cansados deste estilo de política. E não lhes venha dizer que o problema é de comunicação, Sr. Primeiro-Ministro. Excesso de comunicação tiveram os portugueses, mas tiveram um défice de governação.
Aplausos do CDS-PP.
Depois, Sr. Primeiro-Ministro, falhou rotundamente uma equipa de Governo, que – o senhor sabe e os portugueses também sabem – está desgastada e é cada vez mais fraca, sendo a crise cada vez mais forte.
O senhor tem uma Ministra da Educação que não pode ver os professores; um Ministro da Agricultura que não pode ver os agricultores; um Ministro da Ciência que não pode ver os académicos; um Ministro da Administração Interna e um Ministro da Justiça que se suspeita que não se podem ver um ao outro;»
Protestos do PS.