61 | I Série - Número: 099 | 3 de Julho de 2009
Sei que VV. Ex.as ligam pouco ao Presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, porventura, até terão a sua razão e espero que os eleitores da Feira também se apercebam disso. Mas a verdade é que um dos responsáveis máximos, em termos nacionais, que é o Presidente da Câmara de São João da Madeira, o Dr.
Castro Almeida, não se tem pronunciado sobre o assunto, para não chegar à situação caricata de dizer algo de um lado e algo do outro, coisa que acho que ele não faria. Por isso, inteligentemente, não fala sobre o assunto. Era bom que VV. Ex.as também os ouvissem para perceberem da necessidade dessa infra-estrutura.
E o TGV? Meus senhores, nós não produzimos petróleo, não fabricamos carros massificados, temos de apostar na ferrovia, dentro do País e para «rasgar» as fronteiras do País. Temos de apostar nos portos, que podem ser a porta de entrada de mercadorias de todo o mundo para a Europa. Temos de apostar no transporte aéreo.
Já disse e repito que ninguém vem a Portugal de carro, a não ser os nossos emigrantes, e mesmo esses conduzem horas e horas a fio sem sentido. As pessoas vêm por outros meios de transporte e a aposta nessas infra-estruturas, nessas acessibilidades é indispensável ao futuro do País.
Aplausos do PS.
Minhas senhoras e meus senhores: o estado da Nação não é aquele que nós desejávamos, o que é em grande medida importado e, em grande medida também, da nossa responsabilidade, porque ainda não conseguimos ultrapassar grande parte dos nossos estrangulamentos históricos. Mas a verdade é que não temos novos estrangulamentos e também já conseguimos corrigir muitos dos estrangulamentos do passado.
A Nação não está como gostávamos, mas está melhor. E os portugueses saberão, em devida altura, avaliar o que foi feito e escolher, face ao passado credibilizado pela acção de uns, face ao passado porventura descredibilizado pela acção dos outros e também em função das suas propostas para o futuro, porque sobre isso ainda ouvimos muito pouco.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Realizamos o presente debate sobre o estado da Nação quando se aproxima do fim a actual Legislatura e se encerra mais um ciclo governativo suportado por uma impositiva maioria absoluta que, em grande e exclusiva medida, decidiu e determinou o rumo do País nos últimos quatro anos e o vai deixar em profunda e grave crise.
Ciclo em que tivemos um Primeiro-Ministro que foi campeão de presenças na Assembleia da República, mas também um campeão na ausência de respostas às bancadas da oposição.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mais um ciclo governativo perdido para a resolução dos problemas que o País há muito enfrenta, na esteira da fracassada acção governativa anterior do PSD e CDS-PP. Um ciclo governativo perdido que prolongou a situação de estagnação e de crise que tem levado à degradação da vida da maioria dos portugueses. Sem balanço, sobraria a afirmação e a propaganda. Por isso, importa fazer a análise.
O estado da Nação é, por isso, o estado de regressão e declínio em que esta maioria e anos sucessivos de política de direita deixaram o País. Um País crescentemente fragilizado e dependente, cada vez mais injusto e desigual social e regionalmente.
O estado da Nação é o estado de um País marcado por dramáticos problemas sociais em constante agravamento e por uma grave crise económica que se foi aprofundando ao ritmo e na razão inversa dos anúncios governamentais que a negavam ou das renovadas boas novas do seu iminente fim que nunca chegou.