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15 DE JULHO DE 2009

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A turbulência financeira teve o seu início com a crise verificada no mercado de crédito hipotecário subprime dos Estados Unidos no Verão de 2007. Para diluir o risco dessas operações duvidosas os bancos americanos credores juntaram-nas, e transformaram-nas em derivados negociáveis no mercado financeiro internacional, cujo valor era cinco vezes superior ao das dívidas originais. Criaram-se, assim, títulos negociáveis cujo suporte eram os créditos podres do subprime. Foi a venda e compra, em enormes quantidades, desses títulos que provocou o alastramento da crise, para os principais bancos do mundo.

No início de 2008, os mercados financeiros foram negativamente afectados por notícias relativas à deterioração dos balanços das instituições financeiras, em especial de seguradoras monoline nos EUA, e pela intensificação de receios de uma recessão nos EUA e do seu impacto na economia mundial. O aumento da incerteza e da aversão ao risco acentuou-se nas primeiras semanas de Março com o agravamento das preocupações de risco sistémico.

Perante este cenário, os principais bancos centrais adoptaram medidas extraordinárias de injecção de liquidez. Inclusivamente, a Reserva Federal americana aprovou um plano de financiamento para a aquisição do banco de investimento Bear Stearns, na sequência dos problemas enfrentados por esta instituição. Estas medidas, juntamente com a redução acentuada das taxas de juro oficiais norte-americanas (a taxa de referência dos Fed Funds diminuiu 2 p.p. no primeiro trimestre do ano, para 2.25 por cento) e com notícias de aumento do capital por parte dos bancos, induziram a percepção de uma redução do risco sistémico e a ideia de que o impacto da turbulência financeira na economia real poderia ser menor que o esperado.

A deterioração do mercado de habitação provocou ainda mais perdas na valorização dos títulos de crédito hipotecário, surgindo preocupações acrescidas com a situação de instituições financeiras norte-americanas de grande dimensão especializadas neste mercado, o que levou o governo norte-americano a tomar o controlo das agências de crédito hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac no dia 7 de Setembro.

Na sequência da falência do banco de investimento Lehman Brothers em 15 de Setembro, agravou-se ainda mais a turbulência nos mercados financeiros, originando uma crise de confiança que rapidamente se transmitiu ao sistema financeiro global. A crise de confiança conduziu a uma liquidação de activos em larga escala, que afectou todos os segmentos do mercado financeiro. Os prémios de risco de crédito atingiram níveis máximos desde o início da turbulência. O risco de incumprimento das empresas também registou uma forte subida. As empresas financeiras com pior rating foram as mais afectadas, quer nos EUA, quer na área do euro. Por outro lado, as cotações das acções registaram quedas acentuadas.

Neste contexto, a situação financeira dos bancos agravou-se significativamente, já que por um lado, o acesso a fontes de financiamento externo ficou muito dificultado, e por outro lado, a acumulação de perdas dos activos levou à erosão dos seus capitais próprios.

Refira-se que em Outubro de 2008, na sequência da falência do banco de investimento Lehman Brothers e da preocupação agravada sobre a solidez financeira do sistema bancário da área do euro, verificou-se um significativo aumento da procura de notas de euro por parte do público. Nos meses seguintes a procura de notas de euro normalizou, reflectindo em grande parte as medidas de apoio ao sistema financeiro adoptadas pelos governos.

Para conter os riscos sistémicos os bancos centrais e os governos de vários países adoptaram um vasto conjunto de medidas. Numa acção conjunta vários bancos centrais reduziram as taxas de juro oficiais, tendo o BCE diminuído as taxas de juro em 50 p.b. (para 3.75%). Adicionalmente, os bancos centrais procuraram dar liquidez ao mercado através de injecções substanciais de fundos. Os governos, por seu turno, recorreram quer ao apoio pontual a algumas instituições com mais dificuldades, quer à adopção de programas de intervenção mais abrangentes. As medidas adoptadas pelos vários países a nível global incidiram nos seguintes aspectos: (i) aumento das garantias dos depósitos bancários; (ii) concessão de garantias dos Estados à nova emissão de títulos de dívida por instituições financeiras; (iii) programas de recapitalização voluntária e injecções de capital público nas instituições financeiras em dificuldade; (iv) alguns governos também disponibilizaram programas de empréstimos a instituições bancárias ou de troca de activos com menor liquidez.

As medidas adoptadas contribuíram para aumentar a confiança dos agentes económicos no sistema financeiro e para atenuar as tensões em alguns segmentos do mercado.

A partir de finais de Outubro, perante sinais de um acentuado enfraquecimento da actividade económica a nível mundial, com um grande número de economias avançadas em recessão e as economias de mercado