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II SÉRIE-B — NÚMERO 162

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emergentes a revelarem um significativo abrandamento, surgiu um novo aumento da incerteza e da aversão ao risco e, em consequência, quebras acentuadas nos preços dos activos.

Ao longo do último trimestre de 2008, o grau de confiança dos agentes económicos foi muito baixo e acentuaram-se as perdas do sistema financeiro. Os últimos dois meses de 2008 e o primeiro trimestre de 2009 foram marcados pela acentuação da interacção de impactos negativos entre a actividade económica e os mercados financeiros, agravando substancialmente as perspectivas económicas e financeiras a nível global.

b) O acto de nacionalização O BPN enfrentou, durante 2008, problemas de liquidez e várias iniciativas foram tomadas no sentido de o

BPN ultrapassar essas dificuldades com que se deparava evitando que cessasse os pagamentos, nomeadamente, através de apoios especiais de liquidez pela Caixa Geral de Depósitos (200 milhões de euros) e uma operação de Assistência de Liquidez de Emergência pelo BP (200 milhões de euros).

―A propósito de liquidez, tenho aqui a evolução do saldo, do Banco de Portugal, que passo a ler: 43

milhões, a 23 Junho — quando chegámos; 143 milhões, a 30 de Junho, 335 milhões de euros, a 31 de Julho;

386 milhões de contos, a 30 de Agosto; 140 milhões de euros, a 15 de Setembro; 155 milhões de euros, em

Setembro, não obstante termos pago 103 milhões de euros de um empréstimo sindicado, mas, nesta altura,

tivemos um empréstimo temporário de um banco pequeno — os saldos foram estes. A parte final de Setembro

foi muito difícil; Outubro foi péssimo. Os problemas de liquidez começaram a aumentar bastante, fruto

daquelas situações que já disse: ter sido dito publicamente que havia três bancos pequenos que estavam com

dificuldades; o problema da Lehman Brothers; o problema do nosso rating e do nosso rácio de solvabilidade,

que nos obrigou a antecipar, e, entretanto, tivemos de recorrer, em princípios de Outubro, a um empréstimo,

que foi muito pouco citado na imprensa, na Caixa Geral de Depósitos que chegou a atingir 250 milhões de

euros. 250 milhões de euros são cerca de 6% do total de créditos, não é nada! Rigorosamente nada!‖ (Dr.

Meira Fernandes).

―Passo a explicar: não é possível, de um dia para o outro, melhorarmos a liquidez, como o Sr. Deputado

bem sabe, é um processo lento. Estes empréstimos eram feitos no mercado interbancário, era de um dia para

o outro. Todos os dias tínhamos de negociar este empréstimo. Todos os dias estávamos aflitos. Estávamos de

manhã, depois a liquidez não cobria, obviamente, não havia ninguém para pôr lá 250 mais 400 milhões de

euros, e, no fim do dia, negociávamos, e, no dia seguinte, andávamos no chamado roll over diário. Portanto,

isto era, no caso concreto, para quem tinha a direcção financeira, para mim e para um outro colega, uma

tortura do chinês, com respeito pelo chinês, porque todos os dias de manhã, às 7 horas e 30 minutos, recebia

uma SMS a dizer «não temos fundos, vamos pedir», e às 17 horas ou, melhor, aos cinco minutos para as 17

horas, os serviços do Banco de Portugal, que eram impecáveis, emprestavam-nos o dinheiro. E andámos

neste sistema em lume brando, em lume muito brando. Portanto, o problema da liquidez foi este.‖ (Dr. Meira

Fernandes).

Apesar disto, o BPN, chegou a uma situação de iminente de ruptura de pagamentos, não tendo sido possível continuar a procurar uma solução para a ausência de liquidez, pois subsistia um problema de fundo que requeria a reposição dos níveis de capital.

O BPN, apresentou um plano de reestruturação, mas este não alcançou os objectivos, nomeadamente por não ter sido possível concretizar, mediante investimento privado, o aumento de capital necessário à capitalização do banco, e porque não foi possível a venda de determinados activos.

A administração de Miguel Cadilhe estimava um encaixe de cerca de 710 milhões de euros, para tentar recapitalizar o BPN e que estava assim estruturado:

1 — Aumento faseado de capital no valor de 300 milhões de euros (Operação Cabaz). Este aumento de

capital seria realizado em três tranches de 100 milhões de euros. A primeira foi realizada pelo montante de 80 milhões de euros; as segunda e terceira tranches seriam realizadas em 31 de Outubro e 31 de Março respectivamente.

2 — Venda de activos. Venda Real Seguros (105 milhões euros), Venda Vinhos (45 milhões euros), Venda Activos extravagantes (120 milhões euros), entre outros com valores não estimados.