26 | I Série - Número: 006 | 25 de Setembro de 2010
Terminaria, Sr. Presidente, dizendo que, no fundo, o ponto central é o de saber se é possível, neste momento, continuar um sistema que se tem agravado e que é este: o Estado quer fazer obra, não tem dinheiro para fazer essa obra e, como não tem dinheiro, vai buscar aos privados. Mas os privados só se metem no que é rentável e, para ser rentável, exigem lucro garantido, à partida. Ora, o que resulta disto tudo é que o contribuinte paga o juro, paga o risco e paga o lucro, e isso, Sr. Ministro e Sr. Secretário de Estado, não é um bom serviço ao interesse público.
Aplausos do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência a Sr.ª Vice-Presidente Teresa Caeiro.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Pereira.
O Sr. Rui Pereira (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, hoje, mais uma vez, percebemos que a oposição não tem propostas para os problemas que o País atravessa. A oposição enredou-se numa lógica de crítica pela crítica, baralha os números, manipula as contas e procura inviabilizar todo e qualquer projecto, ignorando as necessidades das populações e virando as costas aos desafios de futuro que nos deveriam mobilizar a todos.
O País não consegue perceber para onde a oposição quer conduzir-nos: de manhã, são contra os investimentos públicos; de tarde, exigem toda uma panóplia de obras, percorrendo o País de lés-a-lés, numa total vertigem de promessas, em que se associam aos autarcas — um autarca aqui, um empresário ali» — , exigindo, «para televisão ver», todas e mais algumas obras.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Pereira (PS): — A oposição, de manhã, esquece que o projecto de alta velocidade, no que ao troço de Lisboa/Elvas diz respeito, vai proporcionar a criação de 100 000 postos de trabalho, mas, à tarde, lembra-se aqui do desemprego.
A oposição, de manhã, não se lembra do que a linha Lisboa/Elvas vai gerar, em actividade económica, em centenas de pequenas e médias empresas — sim, pequenas e médias empresas, aquelas que os senhores tanto dizem que defendem mas que, quando são chamados a concretizar o vosso discurso, apenas viram a cara! Sr.as e Srs. Deputados, pode também a posição esquecer, mais, procurar esconder, a importância estratégica da terceira travessia do Tejo para a melhoria de condições de mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa? Os cidadãos da Área Metropolitana de Lisboa não são merecedores de investimento público, potenciando as condições de competitividade das estruturas portuárias e, ainda, criando as condições para a melhoria da qualidade de vida das populações das duas margens? Percebemos que nem o PSD nem o CDS-PP têm qualquer presidente de câmara numa destas duas margens da Área Metropolitana de Lisboa e, não tendo nenhum presidente de câmara, também percebemos que não é possível que hoje à tarde se passeiem, «para televisão ver», anunciando as obras que esses presidentes de câmara tanto reclamam.
Para o Governo e para o Partido Socialista, as boas soluções são o caminho, o caminho para o futuro do País; para a oposição, os problemas são apenas — e não mais do que isso — um instrumento de retórica e de campanha política.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira.
O Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, o troço ferroviário de alta velocidade Poceirão/Caia ainda não foi iniciado e é já considerado pelos especialistas do sector como um dos maiores erros de gestão pública de que há memória.