25 | I Série - Número: 006 | 25 de Setembro de 2010
Para além de o Parlamento merecer e precisar de uma explicação relativamente ao elenco destes argumentos para o novo concurso, há outra matéria para a qual chamaria a sua atenção, Sr. Ministro: a experiência no Ministério das Obras Públicas, que já teve vários ministros, aconselhava bastante humildade e menos certezas do que aquelas que usou.
Chamo a sua atenção para o seguinte: com uma diferença de três meses, já há um diferencial de 40 milhões de euros! Tenho comigo a prova do que estou a dizer, Sr. Ministro! O Sr. Secretário de Estado dizia que, em 2013, o custo era nulo e, agora, o senhor vem dizer que o custo é de dezenas de milhões de euros. Isto em três meses, Sr. Ministro! Também o aconselhava a ter essa humildade, e sabe porquê, Sr. Ministro? Porque, por exemplo, na informação oficial sobre o custo de manutenção, todos os anos, do TGV neste troço falava-se em 12,2 milhões de euros, mas no contrato fala-se em 15,6 milhões de euros. Multiplique pelas décadas que isto significa e veja o diferencial, no fim! Sr. Ministro, quer que lhe lembre outra situação? Já houve um ministro, nesse lugar, que disse «margem sul, jamais!«»
Vozes do CDS-PP: — «Jamais!»
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — » e o aeroporto acabou na Ota! Tem a certeza de que vai lançar um novo concurso, que agora anulou, quando as dificuldades serão as mesmas ou piores daqui a três meses face ao que temos agora, Sr. Ministro?
Aplausos do CDS-PP.
Sr. Presidente, Sr. Ministro, penso que esta vossa argumentação sobre os custos, partilhada entre o Ministro de hoje e a secretária de Estado de ontem, é uma argumentação extraordinária. Devo dizer-lhe que não tenho casa própria, porque sempre achei que, em Portugal, ser proprietário é um inferno fiscal e um lote de maçadas, mas pago renda e, sobretudo, pago impostos, Sr. Ministro. E é dos impostos dos portugueses que sai — porque dívidas de hoje são impostos de amanhã — a factura destas decisões.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Sr. Ministro, é evidente que o custo só pode ser avaliado se falarmos no custo de construção, no custo de financiamento, no custo de exploração e no custo de manutenção, porque é esse o valor que vai à factura final do contribuinte.
Vozes do CDS-PP: — Claro!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Do ponto de vista do contribuinte, tudo isso são custos, Sr. Ministro.
Aplausos do CDS-PP.
Portanto, a antiga Sr.ª Secretária de Estado diz esta coisa extraordinária: o cidadão paga um empréstimo ao banco, o cidadão paga a renda, a alimentação, a luz, a água, mas à empregada doméstica, como disse, não ç o cidadão que paga, ç o vizinho» Por amor de Deus, Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino!
Aplausos do CDS-PP.
Protestos da Deputada do PS Ana Paula Vitorino
Do ponto de vista do cidadão, tudo são custos.