28 | I Série - Número: 006 | 25 de Setembro de 2010
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, num debate que é determinante para as escolhas que o País faz para enfrentar a crise e programar um futuro diferente desta crise, a direita apresentou-se, hoje, unida num única estratégia: perpetuar a crise e, portanto, deixar que se aprofunde esta marcha do País e da economia portuguesa em direcção à recessão.
Srs. Deputados, perante 700 000 desempregados, falências que se sucedem todos os dias e a desestruturação do tecido económico, perguntamos à direita: que fazer? E a direita responde: «Nada. Não há nada a fazer».
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Há, há!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Ou, então — sejamos rigorosos — , respondem: «Vamos apresentar a factura da crise aos mais pobres e aos trabalhadores e sobre política económica não há absolutamente nada a fazer, vamos esperar que o mundo mude».
A verdade, Srs. Deputados, é que o investimento público é decisivo agora e para o futuro da economia portuguesa. O investimento público nas redes de alta velocidade é uma estratégia de desenvolvimento futuro da economia portuguesa. Precisamos de criar emprego agora, e é isso que o investimento do TGV nos permite fazer.
É agora, no momento de crise, que esse investimento tem de ser feito. Temos de ser capazes de captar os fundos europeus que a direita gastava à «tripa-forra» em cinco linhas, mas que agora quer lançar de volta e dizer à Europa: «600 milhões de euros? Muito obrigado, não queremos esse investimento no País».
Pior: a direita portuguesa acha que é possível à economia portuguesa entrar no século XXI isolada da Europa, ficar longe das redes de alta velocidade e regressar a um regime autárcico que, Srs. Deputados, os portugueses já experimentaram e não querem! Nós não queremos um Portugal que se transforma na ultraperiferia da Europa.
Muito se falou aqui, hoje, de casas e de empregadas domésticas, mas, Srs. Deputados, eu tinha uma outra expectativa e gostava que ela fosse cumprida: pensava que era hoje que o CDS ia explicar ao País que, em vez do TGV, temos os submarinos, e como é que, pegando nos submarinos, chegamos a Madrid, trazemos passageiros e levamos as nossas mercadorias!?
Risos do PS e do BE.
Srs. Deputados, 1000 milhões de euros dos contribuintes! Penso que 1000 milhões de euros merecem uma explicação detalhada desse percurso de submarino entre Lisboa e Madrid!
Aplauso do BE.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Peço a palavra para uma interpelação à Mesa, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para que efeito, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Sr.ª Presidente, para solicitar à Mesa que distribua, junto das demais bancadas, um mapa que mostra ao Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira o eixo ferroviário de transporte de mercadorias Sines/Algeciras/Madrid/Paris, um projecto prioritário da União Europeia e que demonstra o porquê da necessidade de construir uma rede convencional que vai ligar os portos portugueses aos portos espanhóis e ao resto da rede internacional.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Obrigada, Sr.ª Deputada. Proceder-se-á à respectiva distribuição.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.