I SÉRIE — NÚMERO 106
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A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Luís Montenegro, inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs.
Deputados Carlos Zorrinho, pelo PS, Honório Novo, pelo PCP, Luís Fazenda, pelo BE, e José Luís Ferreira,
por Os Verdes.
O Sr. Deputado Luís Montenegro informou a Mesa que pretende responder aos quatro pedidos de
esclarecimento em conjunto.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Carlos Zorrinho.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, queria começar por saudar
o facto de o seu grupo parlamentar ter escolhido agendar um debate sobre política europeia para celebrarmos
o Dia da Europa na Assembleia da República.
A Europa que hoje, aqui, celebramos não é a Europa da continuidade, não é uma Europa amarrada à
austeridade que flagela as suas populações, que destrói o humanismo e que põe mesmo em causa a
democracia. A Europa que hoje, aqui, celebramos é a Europa da esperança.
Por isso, Sr. Deputado, queria dizer-lhe que este é para todos nós, Deputados desta Assembleia, o
momento da verdade, o momento em que já não bastam palavras e em que os atos são fundamentais.
Como sabe, Sr. Deputado, o PSD chumbou o projeto de resolução do Partido Socialista, que continha uma
resolução substantiva para criar as ferramentas que a União Europeia precisa a fim de poder crescer e
desenvolver-se.
Quero dizer que a nossa expetativa era a de que o PSD fizesse o que tem feito noutras circunstâncias,
embora não seja muito correto, ou seja, que agora fosse reagendada a nossa proposta, mas com a vossa
chancela. Não seria um comportamento muito adequado, mas ficaríamos mais contentes. Contudo,
agendaram uma proposta meramente semântica, na medida em que não tem qualquer resposta para o
financiamento das empresas — sabemos que, hoje, esse é um problema crítico da nossa economia —, não
tem qualquer proposta para que possam existir project bonds que ajudem a financiar grandes projetos na área
das energias verdes, da indústria verde, das comunicações, do mundo digital (por exemplo, aquilo que há
pouco o Primeiro-Ministro anunciava, em conjunto com o Primeiro-Ministro espanhol, como grandes projetos
que vão precisar desse financiamento), não tem qualquer resposta para os desempregados, para as famílias
fortemente asfixiadas.
Por isso, Sr. Deputado, o vosso projeto de resolução, tal como está, é uma mistificação, é um faz-de-conta.
Porém, quero assinalar aquilo que o Sr. Deputado aqui disse: a sua abertura para podermos passar desse
faz-de-conta, dessa mistificação, a alguma coisa de concreto.
O Partido Socialista voltará a agendar, brevemente, um projeto de resolução com políticas concretas para
serem incluídas num ato adicional ao tratado orçamental. Se o PSD, nessa altura, votar a favor desse projeto,
darei os parabéns e direi que chegou tarde, que chegou à última «carruagem» do crescimento, mas chegou.
Se o PSD votar contra esse projeto, isso só comprovará que continuam amarrados à paixão pela austeridade.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, o agendamento potestativo
do projeto de resolução que os senhores apresentam hoje é, para nós, uma verdadeira manobra de diversão.
Tem como objetivo central desviar as atenções daquilo que foi, e é, essencial nos últimos dias: desviar as
atenções do pacto orçamental que os senhores, com os votos do CDS e do PS, aprovaram aqui, no dia 13 de
abril.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Por isso, Sr. Deputado Luís Montenegro, as perguntas que vou fazer-lhe
tanto poderiam ser dirigidas a si como a um Deputado do CDS, ao Dr. Paulo Portas, ao Dr. Passos Coelho ou,
até, ao Dr. António José Seguro, se ele estivesse aqui, e nenhum dos três está aqui, hoje.