I SÉRIE — NÚMERO 132
6
assumiu desde a tomada de posse não serão abrandados: a diminuição das barreiras à participação de todos
na vida económica; a redução das rendas excessivas, que promovem uma cultura de privilégio injustificado e
acarretam custos insuportáveis para todos; a qualificação real de todos os portugueses, com uma educação
de qualidade para todos e melhor formação para o emprego; a reforma da justiça; o reforço da credibilidade de
todo o processo orçamental e das contas públicas; o aprofundamento de uma cultura de concorrência aberta;
a criação de um ambiente regulatório mais favorável ao investimento e ao emprego; a flexibilização das
nossas instituições económicas; a reforma das administrações públicas, segundo uma lógica articulada de
estruturação das funções do Estado. Mas continuaremos também a reforçar a liquidez e a diversificar o
financiamento da economia, dando sequência à reprogramação do QREN, regularizando os pagamentos em
atraso de organismos públicos aos seus fornecedores, concluindo o processo de recapitalização dos bancos e
reformando canais alternativos de financiamento das empresas, como, por exemplo, o capital de risco público.
Persistiremos na proteção da sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, intensificaremos as políticas
ativas de emprego e dinamizaremos a bolsa de terras.
A visão de conjunto que tem de presidir às mudanças no País tem também de ser um resultado da disputa
de ideias e de projetos políticos. Mas não pode ser sacrificada a esta disputa, antes pelo contrário. Numa
sociedade democrática, a disputa de ideias e de projetos é, sobretudo, um meio. Não pode ser um fim, como
tantas vezes, no calor e intensidade da discussão política, parece ser sugerido.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Cada cidadão, cada movimento político, cívico, tem a responsabilidade,
quando discute o nosso futuro comum, de propor um caminho claro e de nunca esquecer as dificuldades que
enfrentamos. A discussão política é um meio de garantir que todos participam num projeto comum e que este
projeto comum serve o interesse de todos. Por tudo isto, e sobretudo em tempos como aqueles que estamos a
viver, é ainda mais necessário não nos deixarmos seduzir pela voz da precipitação, pelas proclamações
vazias, pelas falsas soluções, nem pelas «terríveis simplificações».
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Aos problemas complexos e profundos que temos pela frente deveremos
responder com coragem, determinação, reflexão serena e ação metódica.
Os portugueses não devem esperar outra coisa de nós.
Aplausos do PSD e do CDS-PP, de pé.
A Sr.ª Presidente: — Antes de entrarmos na primeira ronda de perguntas, informo a Câmara que se
encontra na tribuna diplomática o Vice-Presidente do Bundestag alemão e alguns diplomatas, que
cumprimento.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Deputados, prosseguimos com o debate, conforme a ordem que previamente
indiquei.
Pelo PS, tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor não falou sobre o
estado do País. O discurso que acabámos de ouvir foi um discurso de autoavaliação, de autossatisfação e de
autoelogio. Quem o ouviu, parece que tudo vai bem, mas, infelizmente para Portugal, Sr. Primeiro-Ministro, o
País vai mal — vai mal e vai de mal a pior!
Aplausos do PS.