I SÉRIE — NÚMERO 133
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debate dedicado as questões europeias. Essa ausência confirma a nossa convicção de que Portugal não
conseguiu ainda encontrar a sua visão e orientação estratégica relativamente à participação do nosso País na
União Europeia, no momento em que essa visão e participação são tão importantes.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Helena André (PS): — Parece-me que os acontecimentos da última cimeira europeia confirmam
esta nova afirmação. Uma cimeira que se desenrolou num contexto económico muito grave, uma cimeira que
se viu, mais uma vez, confrontada com a ineficiência das suas respostas até ao momento, meias decisões,
decisões lentas, decisões insuficientemente claras, decisões, às vezes, pouco coerentes e determinadas e,
por isso, às vezes, incapazes de resolver a crise das dívidas soberanas, incapazes de evitar os contágios às
grandes economias e, consequentemente, contribuindo para a degradação do crescimento económico e do
emprego em toda a Europa.
Por isso, se a Cimeira, por um lado, deu respostas importantes para retirar a pressão exercida sobre as
dívidas de Espanha e de Itália, ao mesmo tempo que separou a situação da banca da questão da dívida
soberana e, consequentemente, do recurso a programas de assistência financeira, avançou também no
sentido de uma união bancária, finalmente!, mesmo que estejamos à espera, ainda, dos detalhes que têm de
ser clarificados para a sua implementação, e sabemos que o diabo está sempre nos detalhes.
Portanto, nós continuamos a confirmar que as respostas da União Europeia às questões da crise soberana,
às questões relacionadas com o emprego e com o crescimento têm sido respostas de curto prazo. E vão
continuar a sê-lo enquanto a Europa for incapaz de avançar, em simultâneo, com a implementação dos
mecanismos de reforço da disciplina orçamental e macroeconómica — aliás, referidos pelo Sr. Secretário de
Estado como merecendo o apoio do Governo português —, mas, ao mesmo tempo, com os mecanismos de
solidariedade, que incluem, entre outros, a mutualização parcial das dívidas soberanas.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Helena André (PS): — Sobre esta matéria, conhecemos a posição ou, melhor, a indecisão do
Governo português, que tem preferido aliar-se aos mais intransigentes opositores desta solução, em vez de
defender os interesses do País e dos portugueses.
Mas tenhamos consciência de que os mercados estão atentos a estes sinais e os mercados também
aguardam decisões fortes sobre o crescimento económico. Já afirmaram que, sem crescimento económico
sustentado, os programas de ajustamento e de austeridade são inviáveis — e isto diz respeito diretamente a
Portugal e à sua posição na União Europeia.
O Partido Socialista considera que é bem-vindo o Pacto para o Crescimento, pelo menos, pelo seu
significado político, pelo aumento de capital do Banco Europeu de Investimentos e pelos project bonds que
vão, finalmente, ver a luz do dia.
Mas é incompreensível que uma semana depois do Conselho Europeu o Comité de Representantes
Permanentes, inaugurando a Presidência de Chipre da pior maneira, tenha reduzido os montantes propostos
pela Comissão para o seu orçamento de 2013.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Incompreensível!
A Sr.ª Helena André (PS): — Imaginem onde é que foram reduzidos os montantes? Nas áreas onde o
Pacto para o Crescimento e o Emprego apelava à mobilização do orçamento comunitário — menos 15%para
despesas com a Investigação & Desenvolvimento, menos 28% para o apoio ao fomento da competitividade
das pequenas e médias empresas e menos 1600 milhões de euros nos créditos destinados à coesão e aos
países com maiores dificuldades.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Assim, não vamos lá!