I SÉRIE — NÚMERO 136
28
Avisámos que o Programa de Ajustamento, sendo necessário para promover o regresso à normalidade no
financiamento, tinha de ser adaptado à realidade — fazia, aliás, parte das suas premissas — ajustado à
evolução da procura. Era preciso por mais política económica nestas políticas.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Não! Agravaram a dose, muito para lá do programa de ajustamento
inicial. Quase duplicaram a dose de austeridade, muito mais troiquistas que a própria troica.
Resultado: falharam! A receita falhou! O Ministro das Finanças falhou!
Aplausos do PS.
Chegados aqui, a setembro de 2012, o que decidem? Agravar uma vez mais a dose, carregar no
acelerador, acentuar a receita do empobrecimento regenerador.
Disse o Sr. Ministro das Finanças que andaram todo o ano a aprender o padrão de ajustamento da
economia portuguesa? Resultado dessa «aprendizagem ongoing»: dezenas e dezenas de milhares de
desempregados, falências, muito mais pobreza!
Mas, então, não aprenderam nada, Sr. Ministro das Finanças? Se insistem e reforçam a dose, com mais
5000 milhões de euros de austeridade em 2013, é certo que voltarão a falhar. Quem pagará, uma vez mais,
esta obstinação? Outra vez os portugueses.
Mais impostos, muito mais impostos, um grande aumento do IRS e das contribuições dos trabalhadores
independentes, a acrescer ao aumento de impostos por via da alteração da taxa social única.
Mais cortes nas prestações sociais e especialmente nas pensões — até 10% de cortes nas pensões,
depois de terem anunciado aos pensionistas que continuavam sem o 13.º e o 14.º mês.
E não tente algum dos partidos da coligação ensaiar um falso afastamento destas escolhas. Não se está no
Governo e na oposição ao mesmo tempo, Srs. Deputados. As responsabilidades destas escolhas são de toda
a maioria!
Aplausos do PS.
Os aumentos de impostos, os cortes de rendimentos e pensões, o aumento de contribuições dos
trabalhadores independentes, sim, são do PSD, mas são também do CDS, ao arrepio de tudo o que Passos
Coelho e Portas andaram a dizer quando estavam na oposição!
Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Não tenhamos dúvidas, o dia 7 de setembro de 2012 pode ficar
gravado na pedra, ir para os manuais de História infelizmente pelas piores razões. O dia em que o Governo
quis destruir o equilíbrio social em Portugal.
Romperam, de uma penada, todos os mais importantes consensos existentes com este País.
Em primeiro lugar, o consenso com o Estado de direito. Sem este, afinal, o que nos protege? O Governo
desrespeitou e afrontou o Tribunal Constitucional. Apesar da decisão do Tribunal Constitucional, que disse de
forma clara que era injusto fazer recair sobre pensionistas e funcionários públicos um esforço tão brutal de
ajustamento, o que fazem? Mantêm o corte de dois subsídios a funcionários públicos e pensionistas e até o
agravam com as propostas anunciadas.
Aplausos do PS.
Mas vão muito mais longe, rompendo ostensivamente, deste modo, os importantes consensos sociais e
políticos que restavam na sociedade portuguesa. Promovem a maior redistribuição de riqueza e bem-estar do
trabalho para o capital de que há memória em Portugal.