I SÉRIE — NÚMERO 7
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O Sr. João Semedo (BE): — … mas avalio a política e um Governo que mantém mais de metade dos
desempregados sem subsídio de desemprego é um Governo com sensibilidade social?! Um Governo que não
tem feito outra coisa que não seja reduzir os beneficiários do rendimento social de inserção é um Governo que
revela sensibilidade social?! Um Governo que não tem feito outra coisa se não tornar mais caro o acesso aos
cuidados de saúde é um Governo que tem sensibilidade social?!
Sr.ª Deputada, meta a mão na consciência para ver que, de facto, o Governo não é, nesta matéria, um
Governo que revele o mínimo de sensibilidade social face à situação desgraçada que criou ao País e a um
grande número de portugueses.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, terminámos este ponto da nossa ordem de trabalhos.
Antes de passarmos ao próximo ponto, quero referir a presença, na Galeria, da Seleção Nacional de
Futebol de Rua, que vai representar o nosso País no Campeonato Mundial que vai ter lugar no México, a
quem saúdo e desejo as maiores felicidades na representação do nosso País.
Aplausos gerais, de pé.
Vamos, então, passar ao quarto ponto da ordem de trabalhos, que consiste na apreciação conjunta dos
projetos de lei n.os
283/XII (2.ª) — Programa faseado de distribuição gratuita e criação de bolsas de
empréstimo de manuais escolares na escolaridade obrigatória (BE), 290/XII (2.ª) — Define o regime de
certificação e adoção dos manuais escolares garantindo a sua gratuitidade (PCP), 295/XII (2.ª) — Altera a Lei
n.º 47/2006, de 28 de agosto, que define o regime de avaliação, certificação e adoção dos manuais escolares
do ensino básico e do ensino secundário, bem como os princípios e objetivos a que deve obedecer o apoio
socioeducativo relativamente à aquisição e ao empréstimo de manuais escolares (Os Verdes), e 297/XII (2.ª)
— Procede à 1.ª alteração à Lei n.º 47/2006, de 28 de agosto, de forma a promover o empréstimo de manuais
escolares em articulação com regime de ação social escolar no ensino básico e secundário (PS).
Para apresentar o projeto de lei do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Eu diria que não podemos, de facto,
ignorar as notícias do dia e tendo sido há momentos a conferência de imprensa do Sr. Ministro das Finanças,
que anunciou, mais uma vez, um aumento brutal de impostos para todos aqueles que vivem do trabalho, ou
seja, do seu salário ou do rendimento de pensões.
Não é por acaso que o Bloco de Esquerda convoca a Assembleia da República exatamente para discutir,
num contexto de acelerado retrocesso do rendimento das famílias, uma questão fundamental da democracia:
o acesso à escola em condições de igualdade de oportunidades e, portanto, a questão do acesso aos
manuais.
Sr.as
e Srs. Deputados, é certo que muitas famílias, no acesso aos manuais, têm auxílios que são dados
mediante o apoio da ação social escolar, mas sabemos, também, que os patamares para a elegibilidade para
o acesso a esses mesmos apoios são extremamente baixos.
Portanto, há uma fatia muito importante de famílias portuguesas que não têm rendimentos altos, que têm
salários baixos, mas como não têm salários miseráveis não têm qualquer apoio para que possam no início do
ano letivo comprar os manuais para as suas crianças, para os seus filhos que frequentam a escolaridade
obrigatória. Se tiverem dois ou três filhos e fizermos a soma do custo destes manuais escolares, muitas vezes
isso chega ao custo total de um salário de um dos elementos do agregado familiar.
O que o Bloco de Esquerda vem hoje propor a esta Assembleia, à semelhança de propostas que fizemos
no passado, é que se possa criar um sistema universal de empréstimo e de acesso gratuito aos manuais
escolares e, no sentido de provocar um impacto menor em termos de custos orçamentais, que possa ser
criado num ciclo de quatro anos, em que, no final desses quatro anos, todo e qualquer estudante que
frequente a escolaridade obrigatória tem acesso a manuais escolares.
O Sr. João Semedo (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Entendemos que isto permite consagrar e fazer democracia.