I SÉRIE — NÚMERO 7
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A Sr.ª Emília Santos (PSD): — A verdade é que isto não faz qualquer sentido e belisca princípios que para
o PSD são absolutamente fundamentais, desde logo o princípio da justiça social e, também, o princípio da
igualdade de oportunidades.
Contudo, por razões que se prendem com um princípio, também absolutamente incontestável para nós, de
contenção e de eficiência da despesa pública, não nos podemos associar a iniciativas legislativas que
defendem tout court a distribuição gratuita de manuais escolares a todos, repito, a todos os alunos em
escolaridade obrigatória do ensino público.
Ora, tomando por base a exposição de motivos de alguns projetos de lei aqui hoje apresentados, o PSD
não pode deixar de anotar a irresponsabilidade associada a alguns deles, designadamente ao do PCP,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Já estragou tudo!
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — … sobretudo quando vivemos uma situação económico-financeira que a
todos deve preocupar.
Mais: trata-se de uma iniciativa que, pela previsão de custos anunciada, não levou, sequer, em linha de
conta o regime de escolaridade obrigatória até aos 18 anos. A inclusão da gratuitidade dos manuais a todos
estes alunos, Sr.ª Deputada Rita Rato, é irremediavelmente superior, por isso temos de deixar-nos de
demagogias!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Pronto, ficam sem manuais! Lá se vai o princípio!…
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Nesta altura, em que Portugal e os
portugueses vivem um momento particularmente difícil da sua história, defendemos que o empréstimo de
manuais escolares, um sistema, de resto, já validado noutros países europeus, como aqui foi dito, e já
experimentado, com sucesso, em algumas escolas portuguesas, se reveste de plena acuidade. E foi com esse
propósito que esta Câmara aprovou, na sessão legislativa anterior, um projeto de resolução, da iniciativa dos
Grupos Parlamentares do PSD e do CDS-PP, que recomendava ao Governo a regulamentação do empréstimo
de manuais escolares.
Apraz-me registar que, passado precisamente um ano, este Governo começou já a sua operacionalização
— só quem não quer ver… Introduziu, no diploma da ação social escolar para 2012/2013, o reforço de
modalidades de empréstimo e de reutilização de manuais, à imagem das múltiplas iniciativas que, a nível local,
são hoje promovidas pelas escolas e pelas diversas instâncias da sociedade civil, nomeadamente professores,
associações de pais e autarquias. De lamentar, contudo, que as iniciativas hoje em debate tenham
desconsiderado o seu teor.
Por tudo isto e por ser verdade que muitos dos pressupostos apregoados pelas bancadas da oposição
nada acrescentam à lei em vigor, por ser verdade que alguns deles até já estão previstos na lei e outros
prejudicam a estabilidade da organização pedagógica, por ser verdade que, na sua maioria, desrespeitam o
princípio da equidade no acesso aos manuais por parte dos alunos, o Grupo Parlamentar do PSD defende que
estamos perante iniciativas legislativas extemporâneas e contraproducentes.
Concluo e reforço: o Governo já começou o processo para a criação de uma bolsa de manuais escolares
para alunos de famílias carenciadas, os quais devem ser devolvidos à escola no final do ano. Mas, a partir do
próximo ano, temos informação de que os alunos poderão apresentar os manuais no final do ciclo, podendo,
assim, preparar os exames gerais com a devida acuidade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio
Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Para o CDS-PP, a questão
dos manuais escolares é clara e simples. Tanto quanto possível, o Estado deve minimizar os custos das
famílias com os manuais dos seus filhos. Isto é óbvio!