4 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A matéria em causa, a
possibilidade de reforçar os apoios públicos à aquisição e à disponibilização de manuais escolares é um
assunto que nos traz pela segunda vez nesta Legislatura a esta Câmara, e agora, talvez, com uma realidade
acrescida e um problema acrescido face à degradação do rendimento disponível das famílias e às
necessidades que os portugueses estão a sentir.
Penso que o primeiro ponto, o ponto de partida relevante para o debate é reconhecer que o problema
existe e que o problema se agravou. Partindo deste ponto inicial, podemos construir um regime que seja mais
adequado às necessidades sentidas.
O Partido Socialista apresenta um projeto, que tinha também sustentado na sessão legislativa anterior,
fundamentalmente apostado na necessidade de articular os recursos, que sabemos que são escassos, que
sabemos que não podemos disponibilizar como gostaríamos e que, por isso, necessitamos de articular da
forma mais eficiente possível, chamando à colação quer a ação social escolar quer as iniciativas — e são
muitas as iniciativas de municípios pelo País fora, que têm avançado dentro da sua esfera de autonomia, no
sentido da concretização dessas propostas. Portanto, também o próprio Partido Socialista tem evoluído
naquela que tem sido a sua posição, e não nos custa assumi-lo: temos feito um caminho no sentido de
reconhecer a importância, a prioridade que deve ser dada a este debate e o maior afinamento que tem de ser
criado na legislação existente.
O nosso objetivo não é criar um problema ao Governo, mas resolver um problema às famílias, por isso
apresentamos um projeto de lei que, fundamentalmente, dá a margem de manobra suficiente para ajustar as
necessidades às disponibilidades e, através da revisão da portaria — com, obviamente, uma série de critérios
que procuramos introduzir diretamente na lei —, assegurar que o acesso a recursos pedagógicos, no
momento da maior austeridade possível, no momento das maiores dificuldades, não deve deixar de continuar
a ser a prioridade para o País, a fim de garantir a qualificação dos jovens portugueses, porque será essa a
única resposta adequada, a única resposta capaz, ao longo dos próximos anos, para efetivamente termos uma
estratégia de crescimento que não passe pelo empobrecimento e que passe pela qualificação de quem, neste
momento, está em situação de maior dificuldade.
Não só a iniciativa que apresentamos tem essa flexibilidade como também há total abertura da nossa parte
para, nos trabalhos de especialidade, chegarmos a uma solução que seja confortável quer no sentido
orçamental quer no sentido da produção de resultados.
O que, hoje, devemos sublinhar é a produção de uma resultado que seja benéfico para as famílias
portuguesas que não conseguem, pura e simplesmente, face à quebra dos seus rendimentos, corresponder às
necessidades fundamentais dos seus filhos, às necessidades fundamentais da qualificação, que é, de facto, a
aposta no futuro.
Esperamos, por isso, recetividade por parte das restantes bancadas.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Santos.
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Retomamos hoje a discussão
sobre os manuais escolares, um tema, aliás, que tem vindo a ocupar, de forma central e reiterada, a atenção
de todos os grupos parlamentares.
Sabemos que o arranque do ano letivo traz à evidência a insustentabilidade da situação atual de inúmeras
famílias que se veem confrontadas com obrigações dispendiosas tantas vezes não compatíveis com os seus
orçamentos familiares e das quais a aquisição de manuais escolares se reveste, de facto, de grande
preocupação.
Para o PSD não faz sentido nem é coerente que o Estado consagre — e bem — a obrigatoriedade do
ensino até ao 12.º ano e também a obrigatoriedade do recurso a manuais escolares e, depois, não assegure
que inúmeras famílias possam ter acesso a esses manuais, quando têm dificuldades e carências económicas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Finalmente um discurso aceitável!