6 DE OUTUBRO DE 2012
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A questão do financiamento é uma questão colateral a todas estas, que estão ausentes do discurso político
do Governo, da política do Governo constitucional.
Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro: O País não pode suportar mais
três anos deste desgoverno. O País não pode aguentar a recessão em cima da recessão.
Os que nos vêm falar de cenários apocalípticos, por favor, deviam ter espelho lá em casa! O cenário
apocalíptico é este em que estamos a viver!
Aplausos do BE.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Exatamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Aqui é que há quebras de financiamento, aqui é que há quebras de salários,
aqui é que há quebras de pensões e de prestações sociais.
Nós temos a maior taxa de desemprego de sempre da história da democracia. Temos também a maior taxa
de desempregados — mais de metade dos desempregados — que não têm um cêntimo de apoio por parte da
segurança social. As políticas sociais entraram em colapso, tal e qual a capacidade de investimento no nosso
País.
O País tem um Produto a encolher, mas uma dívida a aumentar. O País tem um Produto a encolher, mas o
défice anda ali num ioiô — aquilo não baixa, não se consolida, a não ser nos cortes dos salários e nos cortes
das pensões.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças não demonstrou, de modo algum, que, através destas novas
medidas de austeridade, consiga esse alfa e ómega, que é o retorno aos mercados em setembro de 2013 e
essa coisa de passar o bilhete de ida à troica em junho de 2014. Não conseguiu demonstrar! Nem vai
conseguir demonstrar no debate do Orçamento do Estado!
Pela parte que nos diz respeito, queremos deixar bem claro ao Governo o seguinte: o Bloco de Esquerda
não é, nunca foi, a favor da saída do euro. O Governo é que está a empurrar perigosamente o País para uma
circunstância de difícil pertença à mesma zona monetária.
O que entendemos é que a política económica tem de nos ajudar a integrar no euro e que são necessários
mecanismos próprios de uma zona monetária comum, sem concessões ao federalismo político. Isso é
absolutamente necessário.
Não nos venham dizer, porque isso é uma aldrabice política, não tem qualquer tipo de ética, que nós temos
uma intenção reservada de abandonar o euro — isso não faz qualquer sentido. Como se sabe, isso levaria a
uma degradação vertical das poupanças acumuladas no País, dos salários, de tudo isso.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Está a ver!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Portanto, encaramos responsavelmente as circunstâncias em que Portugal se
movimenta no quadro dessa zona monetária comum. Mas sem servilismos, sem estarmos de joelhos, sem
andarmos a discutir no Eurogrupo, daqui a três ou quatro dias, medidas que nem os Deputados conhecem,
nem os Deputados ainda discutiram! É que o que se vai fazer no Eurogrupo, daqui a poucos dias, é dar a mão
à vassalagem, a uma política e a uma ortodoxia que condenam Portugal ao desastre.
Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as
e Srs. Ministros, Sr.as
e Srs. Deputados: Aprovou-se aqui um tratado orçamental,
ou um pacto fiscal, ou como lhe queiram chamar, que obrigará Portugal a um défice orçamental de 0,5% do
Produto — 0,5% do Produto! É extraordinário! Estamos a ver a tragédia que é ajustar a 5 pontos do Produto, a
5,5, a 4,5. E aprovaram um tratado orçamental (nem sei se valerá a pena dizer números…) que obrigará a
ajustar a 0,5%! Isto é a eliminação de qualquer capacidade política e económica própria, é o atestado da
inexistência de um futuro Estado social! Isto é totalmente ao arrepio, como diz a nossa moção de censura,
daquilo que são as obrigações constitucionalmente definidas, porque há aqui, de forma sorrateira, uma
subversão dos princípios constitucionais — e este Governo é responsável por esse facto.
Sr.ª Presidente, termino, dizendo o seguinte: nós, portugueses, cidadãos, representantes políticos, não
podemos tolerar a continuidade do Governo. As nossas moções de censura, hoje aqui de partidos da
esquerda parlamentar, não foram acompanhadas pelo centro-esquerda parlamentar. Quero, no entanto, dizer