I SÉRIE — NÚMERO 8
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Aplausos do PCP.
Perante a brutalidade do roubo aos portugueses, perante a destruição do património nacional e da nossa
economia, não pode haver equidistâncias, não há três posições possíveis: ou se está contra a calamidade da
política de direita e se rejeita o pacto de agressão ou se aceita, de forma mais ou menos explícita, que este
caminho prossiga.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Seria possível, Srs. Deputados, deixar prosseguir o caminho deste
Governo até 2015? Imaginam o que aconteceria a este País se este Governo continuasse a fazer o que está a
fazer, até 2015? Não poderíamos imaginar a destruição do nosso País. É por isso que apresentamos uma
moção de censura.
É hoje evidente para todos que, para além de não ter base social de apoio, o Governo já não tem sequer
coesão interna. É um Governo sem condições políticas; e perdeu-as não pelas contradições da coligação —
aliás, hoje, o Ministro Paulo Portas já nem falou —, embora também elas sejam uma consequência desta
desagregação, mas devido à fortíssima luta e combate social, que enfrentou esta política, que já derrotou este
Governo e que exige uma outra política. O Governo não tem condições políticas para continuar. A orquestra,
desafinada, ainda toca, mas o navio já se afunda a grande velocidade!…
Esta Assembleia tem 230 Deputados. Todos vão votar, a seguir, estas moções de censura e cada um será
responsável pela continuação ou pela interrupção deste desastroso caminho. Cada um que não votar a favor
destas moções de censura é responsável pela continuação do desastre.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — É uma ameaça?!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não digam, depois, que não têm nada a ver com o roubo dos salários,
com o bombardeamento fiscal, com a falta de emprego, com a negação da saúde, com a negação da
educação.
Os Srs. Deputados da maioria, quando chegarem às vossas terras e aos vossos círculos, quando falarem
com os vossos amigos, com os vossos familiares, não lhes digam que não estão de acordo com aquilo que o
Governo está a fazer, porque, se vão votar aqui para continuar este Governo e a sua política, são
responsáveis pelo desemprego, pelo corte dos salários, pela destruição do País. Essa é a vossa
responsabilidade!
Aplausos do PCP.
Um Governo que desrespeita os direitos dos trabalhadores, que atinge brutalmente e de forma cega os
salários e as reformas, que vende o País ao desbarato a grupos económicos com as privatizações, que abdica
da nossa soberania, é um Governo que não assegura o regular funcionamento das instituições democráticas
que a Constituição impõe.
Neste debate, restou ao Governo a chantagem de sempre: ou nós ou o descalabro; ou esta política ou o
caos. Nada de mais falso! A situação do País não é fácil, mas continuar a cavar o buraco onde 36 anos de
política de direita nos meteram não é a solução.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Não nos compare com a direita!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Por isso, dizemos que é possível e necessária, que é indispensável a
alternativa. O PCP tem propostas para uma política alternativa — esse será, aliás, o tema das nossas jornadas
parlamentares. Porque só com a renegociação da dívida, com mais produção nacional, com melhores salários
e reformas, com investimento, com a defesa soberana dos interesses nacionais é que este País vai para a
frente.