6 DE OUTUBRO DE 2012
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Conseguir a sua moderação depende precisamente do esforço suplementar do lado da despesa, e esse
esforço é essencial para que os portugueses sintam uma justa repartição dos esforços, uma verdadeira
equidade entre o Estado e a sociedade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os portugueses reclamam hoje mais sacrifícios do lado do Estado. E têm autoridade para o fazer, porque,
comprovadamente, têm respondido com patriotismo ao esforço que lhes foi pedido.
Os portugueses têm sido verdadeiros heróis na forma como têm assumido a fatura de um comportamento
errado que o Estado, no seu todo, teve durante longos anos.
Este Governo já fez uma redução de 12%, ou seja, quase 10 mil milhões de euros na despesa. Mas o
Governo sabe que tem de persistir neste esforço, sem exceções, nem privilégios, ministério a ministério,
empresa pública a empresa pública, autarquia a autarquia, PPP a PPP, renda excessiva a renda excessiva,
observatório a observatório, empresa municipal a empresa municipal, partido a partido, verba a verba, com o
único objetivo do interesse público e sem nenhuma concessão aos interesses instalados.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Só assim poderemos ter margem para respeitar a equidade com os portugueses, preservar o consenso
social, respeitar os compromissos externos, honrar as obrigações do Estado e continuar a prestar o apoio
fundamental a tantas famílias neste momento.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Hoje, assistimos à apresentação não de duas moções de censura,
mas sim de uma moção de censura bicéfala. Esta moção não derruba o Governo nem abala a estabilidade
que Portugal precisa. Aliás, não foi feita com esse propósito. Esta moção quer, sim, servir os interesses
próprios dos seus partidos, distanciar-se do Partido Socialista e pressioná-lo para o caminho da rutura com o
Memorando de Entendimento, que assinou.
São moções regimentalmente lícitas, mas são moções politicamente inconsequentes. Portugal precisa de
mais.
Aplausos, de pé, do PSD e do CDS-PP.
A Sr. ª Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: No final
deste debate, é inquestionável afirmar que a apresentação da moção de censura foi não só justa e
fundamentada, mas uma iniciativa inevitável. De facto, antes e depois dos anúncios de ontem, a maioria dos
portugueses considera que é preciso travar esta política e o Governo que a caracteriza.
Perante um Governo já derrotado, ficou claro que este caminho não serve.
Vem o Sr. Primeiro-Ministro falar de indignidade das acusações que lhe fazemos. Era o que faltava que não
transmitíssemos aqui a indignação da generalidade dos portugueses. Indigna, Sr. Primeiro-Ministro, é a sua
política! Indigno do lugar que ocupa é um Governo que esmifra o seu povo para beneficiar alguns.
O Sr. Ministro das Finanças falou há pouco de pantominice, e eu fui ver ao dicionário o significado de
«pantomina». Um primeiro significado é «mímica», mas nisso não é muito hábil o Sr. Ministro das Finanças,
que é uma pessoa totalmente inexpressiva. Mas tem outro significado, popular, que é o seguinte: «conto ou
história para enganar; intrujice; logro.» Ora aí está uma boa qualificação para o Sr. Ministro das Finanças.
Passa a ser o pantomineiro das Finanças, que é o que anda a fazer nos últimos meses, nos últimos anos.
Aplausos do PCP.
Diz o Sr. Ministro das Finanças que a renegociação da dívida é igual à rotura descontrolada. É falso.
Queremos uma renegociação controlada pelo interesse nacional e não aquela que os senhores estão à espera
que lhes imponham quando chegar a altura e não tiverem dinheiro para pagar a dívida. Queremos pagar o que