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6 DE OUTUBRO DE 2012

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Ontem, o Ministro das Finanças falou em, cito, «ajustamento notável» da procura interna. O gáudio do

Ministro das Finanças revela bem que não percebeu que isso é o desastre da nossa economia, e se não

percebeu isso, não percebeu nada. É isto que temos no Ministério das Finanças! O ajustamento da procura é

feito à custa do desemprego, da miséria e da fome no nosso País. Notável é o descaramento do Ministro das

Finanças e do Governo!

Falam de uma suposta credibilidade do País que ninguém vê, como se um país destruído fosse um País

credível. O Governo bem pode vangloriar-se de uma colocação da dívida, enquanto continua a não querer

fazer a verdadeira renegociação. O Sr. Primeiro-Ministro sabe — e sabe bem — que pode falar de regresso ao

mercado, mas, com esta política, as famílias é que não vão regressar aos mercados para aquilo que precisam

de comprar para as suas vidas.

Dizem, depois, que, sem a troica, não há dinheiro para salários. Já o PS dizia isso. Não há dinheiro para

salários? Mas porquê? Por que é que não dizem, antes, que sem o financiamento não vai haver dinheiro para

pagar ao BPN? Que não vai haver dinheiro para pagar as rendas das PPP?

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Claro! Qual salários qual carapuça!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Que não vai haver dinheiro para pagar os 5000 milhões de euros para

a banca? Que não vai haver dinheiro para perdoar os impostos que os grupos económicos não pagam?

Para isso, continuaria a haver dinheiro e para pagar salários é que não haveria dinheiro. Dinheiro há! Os

senhores é que querem entregá-lo aos mesmos de sempre.

Aplausos do PCP.

O Sr. Ministro Mota Soares veio aqui querer dizer-nos que é preciso o dinheiro da troica e o Memorando

para pagar as prestações sociais, para pagar os salários, para pagar as reformas.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E é!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas, então, o que aconteceu às prestações sociais nestes últimos

anos? Aumentaram? Então, com o Memorando da troica, que é para pagar as prestações, elas foram ou não

cortadas? Então, com o Memorando da troica, o que aconteceu aos salários, aos subsídios? Foram cortados!

O que aconteceu ao investimento público? Foi cortado!

Então, o dinheiro da troica é para isto, ou é para a banca, ou é para o setor financeiro, ou é para pagar os

juros agiotas da dívida? É para isso, e por isso é que este acordo tem de ser rompido!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Muito bem!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Queríamos, ainda, dizer, Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, que houve

quem dissesse que a apresentação das moções de censura era um «número de circo» — houve quem

dissesse isso —, que era uma qualquer manobra para condicionar um partido. Quem diz e pensa isto está

completamente desligado do que é, hoje. a realidade do País e ignora qual é o verdadeiro sentimento dos

trabalhadores e das populações.

Nós sabemos — e o Sr. Deputado Francisco de Assis referiu-o aqui — que o PS chegou tarde a este

debate. Passou a semana a tentar desvalorizar as moções de censura e só tardiamente percebeu o que as

pessoas estão a sentir no nosso País e ou não compreendeu isso ou a sua hesitação confirma que continua

de acordo com o fundamental das opções políticas deste Governo. E não venham dizer que a moção de

censura é que ajuda a direita. Não! O PS aprovou o Orçamento de 2010 com o PSD e com o CDS; aprovou o

Orçamento de 2011 com o PSD; aprovou o PEC 1, o PEC 2, o PEC 3, com o PSD; já nesta Legislatura,

aprovou o Código do Trabalho do PSD e o Tratado Orçamental, o Orçamento para 2012 e o Orçamento

retificativo. Aprovou tudo o que era fundamental. Não venham dizer que nós é que andamos de braço dado

com a direita, porque nisso já ninguém acredita.