11 DE OUTUBRO DE 2012
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Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Batista Santos.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Secretária de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
Permita-me V. Ex.ª que dirija, em primeiro lugar, uma palavra de estímulo ao Governo pelo trabalho que está a
desenvolver nesta área, que é fundamental não só na trajetória sustentável que vemos nas nossas finanças
públicas como também na componente relevante que tem a ver com a internacionalização da nossa economia.
De facto, o programa de privatizações é fundamental para esse objetivo, mas também é fundamental — e
queria sublinhá-lo nesta ocasião — a restruturação que o setor empresarial do Estado está a sofrer, sobretudo
reduzindo o esforço dos contribuintes para um setor empresarial do Estado deficitário e pouco eficiente.
Vou dar um pequeno número: em termos homólogos, no 2.º trimestre deste ano já foi possível, sem o efeito
da contabilização do chamado «justo valor», apresentar uma melhoria significativa dos resultados, o que é
importante sublinhar.
Mas tal circunstância não deve iludir que, no contexto geral, temos um setor empresarial do Estado que,
em termos de transferências do Orçamento do Estado à data de 31 de Dezembro de 2011, significou qualquer
coisa como 7000 milhões de euros dos impostos dos contribuintes.
É um bom significar, Sr. Deputado Bruno Dias — e dirijo-me a V. Ex.ª porque o referiu —, que a grande
«pancada» que os portugueses sofrem é a de, todos os dias, terem de pagar nos seus impostos a ineficiência
de algumas empresas que trabalham mal, que dão prejuízo e que fazem greves diariamente,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ora bem!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — … e são os portugueses que têm de pagar esses custos da
ineficiência. Essas é que são as «pancadas» que os portugueses levam nos seus impostos.
Protestos do PCP.
Mas importa sublinhar uma narrativa nova do Partido Socialista. Houve aqui, de facto, o uso de algumas
figuras retóricas, de palavras fortes, como as de «transparência», «rigor», «fuga à fiscalização». Srs.
Deputados, estamos de acordo: é uma matéria de Estado, deve ser rigorosa, deve ser transparente e, para
isso, VV. Ex.as
têm um conjunto de instrumentos parlamentares que podem e devem utilizar.
Todavia, e peço desculpa pela franqueza, é uma narrativa que não faz sentido, Srs. Deputados. No último
ano, VV. Ex.as
são contra a privatização da RTP, são contra a privatização de outras empresas públicas, são
contra as medidas de contenção na saúde e na educação, são contra os ajustes no subsídio do desemprego e
no rendimento mínimo, são contra os cortes no investimento público, são contra o encerramento de fundações
na área da cultura, são contra a austeridade por causa do efeito recessivo.
Em suma, VV. Ex.as
defendem o reforço do Estado social — fica-vos bem, porque nós também
defenderíamos —, mas são contra os impostos necessários para sustentar o vosso Estado social. Essa é que
é a verdade!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — A alternativa que apresentam aos portugueses é financiar o Estado
por via do défice e do aumento da dívida. É essa a vossa alternativa, mas não é a nossa!
É o regresso da ilusão de que Portugal poderá gastar o que quiser porque os outros países europeus e
gerações futuras estão disponíveis para pagar.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o que queria dizer nesta Câmara, de viva voz e aos portugueses, é
que, de facto, havia mais vida para além do défice: a vida difícil que hoje conhecemos. É essa dívida que
estamos hoje a recuperar e queremos devolver a liberdade aos portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Medeiros.