I SÉRIE — NÚMERO 9
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No que diz respeito ao encaixe financeiro para abater à dívida, de facto, neste momento, temos uma dívida
muito elevada, quer no setor público quer no setor privado, o que, aliás, explica a crise que o País atravessa:
ela deve-se ao seu elevado nível de endividamento.
Devo recordar que o preço que conseguimos obter nas privatizações anteriores superou as melhores
expectativas de todos os analistas. Assim, recordo que a EDP foi vendida com um prémio de 53% sobre o
preço de mercado e que a REN foi vendida com um prémio de 34% sobre o preço de mercado. Portanto,
quem alega que o Governo está a fazer privatizações ao desbarato ou a preços de saldo, está certamente a
prestar pouca atenção, pois estamos a vender empresas com valor por um valor justo. O facto de nos permitir
reduzir a dívida pública significa que reduz a fatura de juros que o País tem para pagar e liberta o Orçamento
para as funções que são vitais para o serviço ao País.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro e das Finanças: — Respondendo diretamente à pergunta dos
Srs. Deputados João Semedo e José Luís Ferreira, devo dizer que não, Srs. Deputados, não tenho nada para
anunciar relativamente à Caixa Geral de Depósitos. Hoje, não há rigorosamente nada a anunciar relativamente
a essa matéria.
O Sr. João Semedo (BE): — Hoje?
A Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro e das Finanças: — No que diz respeito à contratação da
Deloitte, questão que me parece importante esclarecer, Sr. Deputado, isso nada tem a ver a ver com qualquer
processo de privatização. O Governo está, neste momento, a fazer uma recomposição das participações
dentro da carteira do Estado, transferindo participações da Direção-Geral do Tesouro e Finanças para a
Parpública. E é importante que se perceba porquê, Sr. Deputado. É que, no passado, a Parpública comprou
ao Estado, refletindo no défice público, as ações da EDP e da REN.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro e das Finanças: — E quando nós privatizámos, de acordo com a
lei das privatizações, teve de entregar o dinheiro outra vez, o que deixou uma dívida muito grande do outro
lado.
Como o Estado não tem dinheiro para resolver o problema do desequilíbrio que se gerou na Parpública,
temos de fazer uma recomposição da carteira de participações. A lei obriga — e muito bem — a que essa
recomposição seja feita com recurso a duas avaliações independentes: uma, promovida pela Parpública e,
outra, promovida pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças. E é fundamental que fique aqui esclarecido que a
contratação referida é, de facto, uma contratação da Parpública, a que se seguirá uma outra contratação pela
Direção-Geral do Tesouro e Finanças, para determinar o valor pelo qual parte do capital da Caixa Geral de
Depósitos deverá ser transferida para a Parpública, como digo, numa recomposição da carteira de
participações do Estado, e nada mais. É importante que fique esclarecido.
Por último (e julgo que é a última questão a que me falta responder), quanto ao contrato de PPP, Sr.
Deputado, desde que o contrato continue a ser honrado e que continuem a ser satisfeitas as condições, não
há obstáculo a que a casa-mãe que titula a entidade possa ser vendida a outra participação. Ainda que me
surpreenda que o Sr. Deputado pareça já saber quem é o comprador, porque o processo está longe de estar
decidido e eu, pessoalmente, ainda não sei quem é.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Entramos, agora, na segunda ronda do debate e a ordem de intervenção dos partidos
é a mesma. Estão inscritos os Srs. Deputados Paulo Batista Santos, do PSD, Inês de Medeiros, do PS, Hélder
Amaral, do CDS-PP, Bruno Dias, do PCP; João Semedo, do BE, e José Luís Ferreira, de Os Verdes. Os
tempos de intervenção são, agora, mais reduzidos do que na ronda anterior.