11 DE OUTUBRO DE 2012
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Portanto, perdemos, porventura, um tempo útil para discutirmos mais aprofundadamente e com maior rigor
outras matérias que não estas onde tudo corre bem e de acordo com o interesse nacional.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, enquanto os Srs. Deputados da maioria parlamentar vão
teorizando abstrações, há uma vida lá fora e há um País real que está a debater-se com uma situação
completamente oposta àquela que os senhores aqui vêm apresentar.
Então, os senhores vêm dizer que as privatizações são boas para o contribuinte e boas para as contas
públicas?
Vozes do PSD e do CDS-PP: — É verdade!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Então, os Srs. Deputados não sabem que, desde 1989 até agora, o dinheiro
que as empresas privatizadas deram ao Estado português para abater na dívida pública, como diz a Sr.ª
Secretária de Estado, fez esse milagre de fazer com que a dívida pública passasse de 54,3% para 124% do
PIB? Mas que mezinha vem a ser essa, das privatizações?!
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E sabem, porventura, que os lucros das empresas privatizadas, todas elas,
dos últimos seis anos até agora, foram para o capital privado que as comprou?
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Os lucros?
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E que os lucros dos últimos seis anos são o equivalente a tudo o que o Estado
encaixou, de 1989 até agora?
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Que vergonha!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os Srs. Deputados não têm algum embaraço, algum constrangimento de
apresentar ao País uma solução que a vida concreta já demonstrou ser ruinosa? E vêm falar de transportes
privatizados, Sr. Deputado? Vá dizer isso no seu distrito, nas aldeias que foram abandonadas com a
privatização da Rodoviária Nacional!…
Vozes do PCP: — Está quieto! Está quieto!…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vá dizer isso às zonas que, agora, estão a ser abandonadas pela CP na
preparação para a tal concessão aos privados, que os senhores estão a aprontar.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Riam-se, riam-se!…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ainda agora, o Sr. Deputado Paulo Batista Santos falava de trajetória
sustentável das contas públicas, e nós perguntamos: que sustentabilidade é essa que depende de um parecer
do Eurostat? Então, os senhores têm o défice pendurado — de 5% para 5,7% —, à espera que o Eurostat diga
algo sobre aquele negócio do «toma lá, dá cá» de 1100 milhões de euros para a concessão da ANA, para se
endividar e o dinheiro ser encaixado no Estado? Isto é que é sustentabilidade de contas públicas?!
Esta máscara que os senhores fazem às contas públicas, que não é só de agora, é de há dezenas de
anos, obrigando as empresas que os senhores tutelam a endividarem-se, a agravarem o serviço de dívida, a