I SÉRIE — NÚMERO 14
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, informo que, em relação a esta apreciação
parlamentar, deram entrada na mesa dois projetos de resolução com vista à cessação de vigência deste
Decreto-Lei, apresentados pelos grupos parlamentares do PCP e do BE.
Entretanto, deram também entrada na Mesa propostas de alteração ao mesmo diploma, apresentadas pelo
Grupo Parlamentar do PS, que baixarão à 8.ª Comissão, caso os projetos de resolução de cessação de
vigência do Decreto-Lei sejam rejeitados pela Câmara.
Passamos agora ao último ponto da ordem de trabalhos, que é a apreciação do Decreto-Lei n.º 210/2012,
de 21 de setembro, que aprova a 3.ª e a 4.ª fases do processo de reprivatização indireta do capital social da
TAP, Transportes Aéreos Portugueses, SA [apreciação parlamentar n.º 38/XII (2.ª) (PCP)].
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Ao lançar
este debate sobre o Decreto-Lei da privatização da TAP, o PCP quer dirigir-se, antes de mais, aos
trabalhadores que, ao longo destas décadas, fizeram desta empresa uma companhia aérea de bandeira, com
prestígio e qualidade de primeira linha a nível mundial, no transporte aéreo, na manutenção aeronáutica, na
assistência em escala.
Entre PESEF (Plano Estratégico de Saneamento Económico e Financeiro), regimes sucedâneos,
congelamentos salariais, cortes nos salários e nos direitos, os trabalhadores da TAP têm sido, ao longo destas
décadas, os que mais se têm sacrificado e os que mais se têm esforçado na defesa desta companhia e na
defesa do interesse nacional, neste setor vital e estratégico para a economia portuguesa.
Sabemos que, neste debate, temos, da parte do PS, PSD e CDS, posições mais ou menos previsíveis.
Sabemos que o PSD e o Governo vão, certamente, dizer que é uma questão de vida ou de morte privatizar a
companhia. Já sabemos que vão dizer que é preciso ir buscar dinheiro, já sabemos que vão dizer que é
fundamental a capitalização da empresa e que é uma inevitabilidade a privatização!
É a repetição da mesma conversa que ouvimos na altura em que se apresentava como inevitável e
fundamental venderem a companhia aos suíços.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Diziam que se não fosse vendida a TAP à Swissair, a TAP ia acabar, e a
verdade é que é por causa de ter continuado em mãos públicas e no controlo do Estado que a TAP continua
até hoje, apresentando-se hoje como um dos maiores exportadores nacionais, se não o maior exportador
nacional.
Já sabemos que vão dizer que é importante encontrar parceiros estratégicos para trazer o seu
conhecimento, o seu know how, e aí vem esse senhor Efromovich, mais a companhia Avianca, tal como
tiveram, no Governo PSD/CDS, em 2002/2003, a privatização da assistência em escala da TAP, do handling.
Retiraram à TAP essa área fundamental do serviço, numa situação de tal ordem que foi preciso a TAP
readquirir o handling que tinha sido passado para as mãos espanholas da Globalia, os tais parceiros
estratégicos que vinham cá ensinar como é que se fazia o handling! Foi preciso renacionalizar, com a TAP a
readquirir o seu próprio handling!
É esta a experiência concreta que temos no nosso País, que desmente, à partida, os discursos que já
sabemos que vamos ouvir da parte do PSD e do CDS.
O CDS, aliás, de que já temos recordação de, nos anos anteriores, quando o PS quis privatizar a TAP, ter
lançado alertas e discordâncias em relação à privatização da TAP, dirá que agora tem de ser, que isto agora é
diferente, e será talvez por patriotismo que vão querer vender a companhia aérea de bandeira a capitais
colombianos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Deve ser!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É provavelmente isso que vamos ouvir.