20 DE OUTUBRO DE 2012
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colocar neste domínio, naturalmente que havia 10, 20 concorrentes. Aí, VV. Ex.as
, certamente, poderiam estar
mais satisfeitos.
Protestos do PS.
Mas não é isso que queremos fazer. Sr. Deputado, não ter seriedade, não defender o interesse nacional é
renegociar negócios em nome do Estado, como as parcerias público-privadas, aumentar a despesa e não
justificar nada junto deste Parlamento. Isso é que não é seriedade, Sr. Deputado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, por Os Verdes, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: No momento em que procedemos à apreciação parlamentar do diploma que aprova as terceira e
quarta fases do processo de reprivatização da TAP, Os Verdes pretendem chamar a atenção para alguns
elementos que consideram da maior importância nesta matéria, sobretudo quando um dos argumentos do
Governo, para a sua privatização, é o equilíbrio das contas públicas.
A TAP, para além de nada receber do Orçamento do Estado, ainda contribui para as receitas do Estado
com mais de 200 milhões de euros por ano. A dívida remunerada da TAP é de, apenas, 568 milhões de euros,
e deve-se à desastrosa operação de aquisição da VEM Brasil — aliás, o Governo já deveria ter feito a sua
renegociação.
A TAP é o maior exportador nacional, com verbas superiores a 2000 milhões de euros. A TAP acaba por
ser um instrumento da nossa soberania, num país com 11 ilhas atlânticas e importantes comunidades
emigrantes em todos os continentes, espalhadas um pouco por todo o mundo.
Depois, o Governo do PSD/CDS-PP diz que a privatização da TAP é, hoje, inevitável. Ó Sr. Secretário de
Estado, nós já vimos o filme da inevitabilidade.
Como muito bem recorda a comissão de trabalhadores da TAP, na carta que dirigiu a todos os Deputados,
em 1997, durante os debates que ocorreram na Assembleia da República sobre a privatização da TAP, a
venda à Swissair também foi apresentada como inevitável, e a sua inevitabilidade era de tal ordem que um
membro do Governo chegou mesmo a afirmar que não haveria dinheiro para os salários do mês seguinte se a
privatização não avançasse, que a venda à Swissair era o único caminho para salvar a TAP e mantê-la a
operar.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Foi o que se viu!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Passaram 15 anos, a Swissair já não existe, e a Sabena,
vendida, então, à Swissair, também já não existe.
Milhares de trabalhadores de ambas as empresas foram despedidos e os aeroportos suíços só agora
começam a recuperar das perdas que registaram.
Entretanto, nesses 15 anos, a TAP cresceu, os salários foram pagos e a economia portuguesa beneficiou
em cerca de 3% do PIB gerado nesse período, perto de 60 000 milhões de euros.
Ora, face a este quadro, estes últimos 15 anos deveriam ser suficientes para se perceber a dimensão do
erro que o Governo se prepara para cometer com a privatização da TAP. E se o Governo se mostra incapaz
de perceber este erro, das duas uma: ou há interesses nesta privatização que os portugueses não conseguem
ver, que os portugueses não conseguem vislumbrar, mas que o Governo também se mostra incapaz — ou não
quer — de demonstrar aos portugueses, ou, então, esta incapacidade deriva da cegueira neoliberal do
Governo PSD/CDS-PP, que o inibe de perceber a dimensão do erro que a privatização da TAP representa
para Portugal e para os portugueses.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.