20 DE OUTUBRO DE 2012
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E o PS, mais uma vez, para não variar, vai dizer que a privatização é bom, mas não assim, que querem
provavelmente mais devagar, e não tão depressa, que vão querer mais daqui a bocado e não para já, e que a
TAP é do País e não do Governo.
Nós dizemos que, para a TAP ser do País, é fundamental que continue em mãos públicas. E quando se diz
que é preciso ir buscar dinheiro, quem, como nós, conhece a situação da TAP e da economia nacional, dirá e
continuará a afirmar que é com a TAP na esfera pública que se vai buscar dinheiro! Nas exportações, nas
contribuições para a segurança social, no IRS, na riqueza gerada com a TAP ao serviço do povo e do País,
não privatizando, não avançando com esta medida de destruição da economia e, até, da soberania nacional.
Aplausos do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A falta de rigor, a falta de
transparência e a opacidade têm sido a imagem de marca deste Governo no processo de privatizações.
Aplausos do PS.
Também por isso temos denunciado este facto.
Também por isso o Partido Socialista requereu um debate que visou, exatamente, as privatizações e esta
falta de transparência, de rigor e de opacidade, que está bem patente neste processo de privatização da TAP:
falta de rigor, quando, depois de muita conversa com vários potenciais interessados, de muito diálogo, de
muitas propostas informais, de muitas negociações diretas, só ontem o Conselho de Ministros aprovou o
caderno de encargos. E, ao mesmo tempo — pasme-se! —, indica já um potencial adquirente da TAP, um
potencial vencedor desta negociação direta.
Isso não só é falta de rigor, como, do nosso ponto de vista, configura falta de transparência. É que não
percebemos como é que, depois de tanta negociação, só temos um potencial interessado, nem como é que o
caderno de encargos se encaminha para esta solução e é feito exatamente ao mesmo tempo em que temos
esse potencial interessado.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — É falta de rigor e falta de transparência, mas também é opacidade
quando não percebemos algumas mudanças.
Por exemplo, no Decreto-Lei que estamos a apreciar, o Governo dizia que tinha uma estratégia de
potenciar a maximização do valor da TAP. Mas ontem — pasme-se! — o valor já não interessava e nem
sequer temos um preço mínimo de referência definido.
Aplausos do PS.
É por isso que defendemos a suspensão deste processo, é por isso que, nos termos regimentais e legais,
entregámos um projeto de resolução para que esta Assembleia recomende ao Governo a suspensão deste
processo.
Entendemos que não estão reunidas as condições mínimas de transparência e rigor para que um processo
de privatização tao sensível e estratégico como este possa prosseguir deste modo.
Entendemos que o Governo deve explicar todo este processo, toda esta tramitação processual à
Assembleia da República.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!